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pampa silvicultura zoneamento silvicultura
2006-06-12
O Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) espera concluir no início do próximo semestre a conclusão do mapeamento do pampa. O programa faz parte do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (ProBio), iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que pretende mapear os remanescentes de vegetação natural de todos os biomas brasileiros. Além da ânsia de conhecer a diversidade do bioma gaúcho, a expectativa agora é também da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). O órgão utilizará as informações desse estudo para a elaboração do zoneamento ambiental, que orientará o plantio de florestas no Estado.

O responsável pelos trabalhos é o geógrafo e também coordenador do laboratório Heinrich Hasenack, 45 anos. Ele revela que tem havido troca de informações entre o órgão e sua equipe, que necessita de alguns mapas de unidades de conservação da Fepam. “Nós tivemos informalmente contatos, já recebemos informações deles e já passamos algumas”, afirma. Embora haja essa troca, ela vem sendo dificultada pela quantidade de trabalho e pressão dos dois lados. “Nós estamos em uma pressão muito grande de tocar o nosso projeto, e eles têm também uma demanda. Mas esse dado, quando concluído, vai ser de utilidade para eles e com certeza vão usá-lo.”

O objetivo do mapeamento é identificar a cobertura vegetal do bioma e, dentro dessa proposta, áreas que ainda possuem remanescentes relativamente conservados. De acordo com o geógrafo, o levantamento será decisivo para as discussões a respeito do futuro do bioma. “Nós estamos tentando identificar áreas onde a vegetação original se encontra em um estado de conservação ainda razoável, que merece mais atenção. Percebemos que existem ainda áreas de um valor ambiental elevado.” O mapeamento será utilizado, entre outros propósitos, para orientar a criação de unidades de conservação.

O estudo iniciou em novembro passado, e a escolha do laboratório se deu por meio de um edital do MMA, selecionando, em maio de 2004, grupos para o trabalho do ProBio. A equipe é composta por 15 pessoas, sendo que quatro ou cinco estão envolvidas de uma maneira mais direta. Técnicos da Embrapa Clima Temperado e a Embrapa Pecuária Sul colaboram com o mapeamento, que tem dados coletados por meio de imagens de satélites. “Essas imagens são recebidas e interpretadas por nós. Depois se vai a campo para verificar se essa interpretação foi adequada”, explica Hasenack. Concluída a etapa de verificação, o material será impresso e também digitalizado, a fim de que fique à disposição de consultas na internet, junto com os dados da Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pantanal, outras regiões contempladas pelo programa..

Opiniões passionais
Hasenack acredita que é a falta de clareza a maior responsável pela situação de discórdia entre ambientalistas e silvicultores. “O fato de não termos informação detalhada ou adequada faz com que a discussão vire algo passional”. Para ele, são necessários dados concretos para decidir a implantação ou não de plantios, e não opiniões baseadas em achismos. “De eu acho o mundo está cheio”, enfatiza.

O zoneamento, dentro desse contexto, é apontado pelo geógrafo como fundamental para as decisões. “Primeiro se tem que conhecer em que lugares não se pode plantar. A gente necessita de um investimento para saber onde não deveria ter reflorestamento por inúmeras razões. Ou por preservação da paisagem, ou pela preservação de algumas espécies que estão ameaçadas de extinção, ou por usos que culturalmente fazem parte dessa região. Existe uma série de coisas que o zoneamento ambiental está contemplando. O que se espera é que o poder público dê apoio a uma solução transparente”, frisa.

O coordenador dos trabalhos classifica como “bobagem” a idéia de que o todo o campo serve ao florestamento. “Pensar que toda a área de campo estaria disponível para a silvicultura é de extremo contra-senso. Não é possível que agora se substitua 100% do nosso campo por 100% de florestamento”. Para ele, é uma atividade econômica possível, mas é preciso estar atento para o risco à biodiversidade. “A silvicultura é um uso potencial da terra, mas eu tenho que direcioná-la. Deveriam ser bloqueadas áreas em que há certeza ou mesmo dúvida de que se perderia um determinado tipo de ambiente.”

O técnico entende que o zoneamento dará início a uma etapa de “refinamento”, quando se poderá dar mais atenção a determinados locais. “Por mais frágil que seja, é o primeiro esforço no sentido de direcionar o avanço do florestamento. E tem que ter um zonemento preliminar para, em cima dele, fazer ajustes. O que não se deve ter é um zoneamento que engesse.” Hasenack entende que é necessário uma flexibilidade de ajuste no estudo, para que novas informações surgidas no decorrer do tempo também sejam levadas em consideração.

Falou em pampa, lembrou do Rio Grande do Sul
Para Hasenack, o fato da vegetação do pampa ser muito diferente das florestas, por exemplo, faz com que o bioma não ganhe a importância merecida. “A característica dele faz com que se ache aquilo meio exótico e descampado. Na região do Vale do Sinos e do Caí, se anda dois quilômetros e está na terceira ou quarta propriedade. Lá tu andas distâncias imensas e vê uma ou outra casa. É um ambiente mais aberto, mais amplo.”

O geógrafo ressalta, ainda, que é um equívoco considerar o pampa um ambiente mais simplificado do que a floresta, que pretensamente estaria em um patamar mais evoluído. A verdade é que ambos apresentam a mesma complexidade. “O que acontece é que se olha pro campo e diz ah, é uma graminha. Não se diferencia um campo do outro. E se tu olhares determinados grupos de fauna, o campo é muito mais rico do que as florestas. Eu acho que se tem certo desdém ou desprezo com o campo porque acha que ele é um estágio inferior de algo que, um dia, virá a ser floresta. E, na verdade, não é.”

Ele também lembra da importância cultural do bioma, um dos símbolos mais fortes do estado. “Falou em pampa, todo mundo associa com Rio Grande do Sul. Fala em Mata Atlântica todo mundo sabe que é a costa do Brasil; fala em Amazônia, todo mundo sabe onde é; Pantanal, também. Então esse nome realmente é um nome que marca.”
Por Patrícia Benvenuti, 12/06.

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