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2006-06-12
Um mecanismo da Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar o uso de fontes de energia renováveis em países pobres está se expandindo rapidamente e reduzirá a emissão de gases do efeito estufa em mais de 1 bilhão de toneladas até 2012, afirmou a entidade na sexta-feira (09/06). O mecanismo faz parte do Protocolo de Kyoto (acordo elaborado com o intuito de combater o aquecimento da Terra controlando o uso de combustíveis fósseis) e, de acordo com o Secretariado das Nações Unidas para o Meio Ambiente, inclui mais de 800 projetos, como os de usinas de força que usam bagaço da cana no Brasil.

Segundo o secretariado, mais de 200 projetos de energia limpa foram criados a partir do programa, conhecido como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM). Outros 600 estão sendo avaliados. Pelo CDM, os países ricos podem investir em fontes de energia renováveis em países em desenvolvimento -- tais como usinas hidroelétricas na Guatemala ou em projetos de absorção de metano na China -- e depois usar esses créditos para as emissões domésticas de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono (derivado da queima de carvão e gasolina, por exemplo).

Esses créditos podem, teoricamente, ser vendidos -- dando aos países ricos o incentivo de que precisam para investir. Alguns analistas afirmam que o CDM poderá um dia canalizar 100 bilhões de dólares para projetos de energia limpa em vários países. "O potencial conhecido do mecanismo atualmente é o de gerar uma redução de cerca de 1 bilhão de toneladas nas emissões até o final de 2012", afirmou o secretariado, cuja sede fica em Bonn, na Alemanha.

Estima-se que essa redução aconteça entre este momento e o final de 2012. As emissões anuais de gases do efeito estufa decorrentes de atividades humanas -- principalmente da queima de combustíveis fósseis em usinas de força, veículos e fábricas -- superam 25 bilhões de toneladas. Cerca de um quarto desse montante vem dos EUA. "A meta de 1 bilhão de toneladas corresponde às emissões anuais da Espanha e da Grã-Bretanha combinadas", afirmou o órgão, em um comunicado. Os britânicos produzem 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono e a Espanha, 350 milhões.

PRIMEIRO PASSO
O Protocolo de Kyoto obriga 35 países industrializados a, até 2008-2012, baixar em 5,2 por cento a emissão de gases do efeito estufa em relação aos patamares registrados em 1990. Os EUA retiraram-se do acordo em 2001, afirmando que ele significaria uma diminuição da oferta de trabalho no país e criticando o fato de o acordo não impor metas de redução aos países em desenvolvimento.

Kyoto é considerado um primeiro passo nos esforços para conter a elevação das temperaturas no planeta, um fenômeno que, segundo muitos cientistas, poderá provocar uma situação caótica devido ao aumento no número de ondas de calor, enchentes e secas e a elevação do nível dos oceanos.

Mas, na avaliação do secretariado, a expansão do CDM tem sido desigual. "Apesar de o mecanismo ter potencial de crescimento, esse crescimento tem ocorrido de forma desequilibrada", afirmou Richard Kinley, o encarregado do órgão. Muitos projetos foram implantados no Brasil, na China, na Índia e na Coréia do Sul, mas há poucos projetos do tipo na África, por exemplo. A Holanda, a Grã-Bretanha e o Japão são os principais investidores do CDM.
(Por Alister Doyle, Reuters, 09/06/2006)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2006/06/09/ult729u57424.jhtm

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