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2006-06-12
O Ministério do Meio Ambiente avalia que qualquer projeto de florestamento têm que considerar novos modelos de gestão. A afirmação foi feita pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Claudio Langone, durante o 2º Seminário do Bioma Pampa e 1º Seminário Internacional do Bioma Pampa, encerrado ontem (11/06), em Santana do Livramento. Ele questiona a compra de grandes extensões de área para esta atividade, sem que o órgão ambiental responsável tenha se manifestado sobre a viabilidade ambiental das áreas adquiridas. “As pessoas podem estar comprando áreas que não poderão ser usadas no florestamento”. Ao mesmo tempo, Langone disse que o papel do MMA é oferecer instrumentos que permitam o diálogo com as experiências já existentes e que evitem a reprodução de situações de conflito.

Entre as ferramentas que o Ministério considera essenciais para o envolvimento de toda a sociedade na discussão de novos projetos para o Bioma Pampa estão dois trabalhos técnicos em andamento: um deles é o mapeamento dos remanescentes de vegetação do Bioma, coordenado pelo professor Heinrich Hasenack, da Ufrgs, e que deverá estar concluído em julho de 2006. O trabalho reunirá dados atualizados da vegetação do Bioma que abrange as regiões das Missões, Campanha, Serra do Sudeste e Litoral, ocupando 63 por cento do território gaúcho. Os dados serão disponibilizados através do site do Centro de Ecologia da Ufrgs.

Outra ferramenta que será viabilizada pelo MMA é o projeto para definição de áreas prioritárias para conservação que está sendo elaborado pelo núcleo Pampa/ Mata Atlântica do Departamento de áreas Protegidas da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA. Segundo o consultor Leandro Baungarten, este trabalho permitirá a conservação planejada destas áreas, através da elaboração de uma mapa de preservação biológica.

Além destas ferramentas técnicas, o MMA estará disponibilizando uma carteira de financiamento para projetos de conservação do Bioma Pampa a serem apresentados em 2007. Segundo Claudio Langone, está é uma alternativa para financiar políticas públicas de conservação do Bioma.

Durante o Seminário foi instalado um Grupo de Trabalho do Bioma Pampa, que permitirá o acompanhamento das ações propostas. O Grupo é formado por 18 representantes de entidades, órgãos de governo e entidades não-governamentais, entres eles os ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Cultura, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Secretaria Estadual do Meio Ambiente ( SEMA), Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Ciência (SBPC), Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS (Fetag), Federação da Agricultura do Estado do RS (Farsul), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Federação dos Municípios do RS (Famurs), comunidades dos pescadores do Pampa, quilombolas e Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).

Alternativas econômicas e sustentabilidade
O representante da Farsul, Fernando Adauto defendeu a valorização do Pampa e o seu desenvolvimento, ressaltando que “crescimento econômico é necessário, mas não é o suficiente”. Ele citou como exemplo de desenvolvimento a criação do selo Pampa Gaúcho, uma indicação de procedência para a pecuária de corte de região, que deverá ser disponibilizado à população. Em sua participação no seminário, a professora Ilsi Boldrini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e representante da ONG IGRE (Amigos da água), disse que dos nove milhões de hectares de campo existentes no Estado, apenas 0,36 por cento estão em unidades de conservação. Ela destaca ainda que não se sabe exatamente qual o impacto ambiente na transformação de áreas de campo nativo em áreas de monocultura anuais ou perenes. Boldrini defende o aperfeiçoamento da extensão rural voltada à pecuária, o incentivo ao ecoturismo, o controle de espécies exóticas e o apoio à educação ambiental entre as alternativas econômicas e sustentáveis do Bioma Pampa.

O seminário iniciou na sexta-feira (9/6), e integrou as atividades do MMA durante a Semana do Meio Ambiente. Em maio de 2004, o Ministério do Meio Ambiente passou a tratar o pampa como bioma único e específico, a exemplo da Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal , Cerrado e Caatinga.
(Informações da assessoria de imprensa IBAMA/RS, 11/6)

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