O Ibama e a Polícia Federal realizaram nesta sexta- feira (09/06) a operação Novo Empate,
que desmantelou uma quadrilha envolvendo madeireiros, funcionários públicos e
despachantes. A quadrilha comercializava madeira extraída ilegalmente na Amazônia. O
grupo viabilizava a extração ilegal de madeira e obtinha elevado lucro, fraudando o sistema
de controle de Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), utilizando
empresas fantasmas e empresas legalmente estabelecidas. Posteriormente, segundo a
Polícia Federal, "esquentavam" o estoque de madeira dos estados do Acre e de Rondônia.
A ação foi divulgada na sexta-feira em entrevista coletiva no Ministério do Meio Ambiente
concedida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o diretor-geral da Polícia
Federal, Paulo Lacerda.
A ação é resultado de investigações conjuntas da Superintendência da Polícia Federal no
Acre e do Ibama e faz parte dos trabalhos do Plano de Prevenção e Controle do
Desmatamento na Amazônia, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente. Conforme
salientou a ministra Marina Silva, a redução do desmatamento de 31% em 2005 é fruto
desse processo integrado. Para a ministra, encerrar a Semana do Meio Ambiente com uma
operação que leva o nome de Novo Empate "é um claro sinal de que as instituições
públicas estão empatando o crime organizado contra a floresta, a biodiversidade e o meio
ambiente". O nome da operação é uma referência ao líder seringueiro Chico Mendes. O
"empate" era uma forma pacífica de resistência da comunidade contra a devastação da
floresta.
Segundo a PF, até o início da noite de sexta-feira foram presas 28 pessoas, sendo 24 no
estado do Acre, três em Rondônia e uma em Mato Grosso, incluindo quatro funcionários
públicos (três do Ibama e um do Instituto de Meio Ambiente do Acre), e foram expedidos 74
mandados de busca e apreensão. As investigações estão concentradas nos estados do
Acre, Rondônia, Amazonas, São Paulo e Mato Grosso. Os envolvidos no esquema
responderão por crimes, como os de formação de quadrilha, falsificação de ATPF e
estelionato.
Na opinião da ministra, as ações que ocorrem no estado do Acre complementam as outras
realizadas conjuntamente com a Polícia Federal. Como exemplo, ela disse que a Operação
Curupira, feita no Mato Grosso, resultou em mais de 400 empresas fantasmas fechadas e
na queda de 70% no desmatamento no mês seguinte da ação.
Além dessas ações conjuntas, como medidas administrativas complementares, Marina
Silva assinou portaria exonerando e dispensando dos cargos os servidores do Ibama no
estado do Acre envolvidos nas fraudes das emissões de ATPFs: Josemar Amorim Caminha,
Chefe da Divisão Técnica da Superintendência do Ibama no Acre e substituto do
superintendente do Ibama no Acre; Gilberto Alberto de Oliveira, substituto do chefe de
Divisão Técnica da Superintendência do Ibama no Acre. A ministra determinou também a
instalação de Comissão de Sindicância para investigar e apurar os fatos em que ocorreu o
extravio da documentação referente ao controle florestal no Ibama no Acre.
A implantação do novo sistema de controle do fluxo de produtos florestais (DOF), integrado
com a Polícia Federal, em substituição das ATPFs, constitui outra medida para combater a
exploração de madeira ilegal. O novo sistema está em fase experimental e deverá ser
instalado em agosto. Marina Silva informou que a vantagem da mudança é o trabalho de
inteligência que desmonta quadrilhas criminosas. "Estamos limpando a base sobre a qual
começará a operar o novo sistema. Não vamos colocar o novo sistema sobre uma base que
estava contaminada há décadas", salientou. A ministra esclareceu ainda que essa base, ao
longo de quatro anos, vem sendo limpa pelas ações conjuntas do Ibama e da Polícia
Federal.
Esta é a nona operação integrada que o Ibama e a Polícia Federal realizam, desde 2003,
para combater as quadrilhas especializadas em crimes ambientais e grilagem de terras
públicas. As operações realizadas foram: Setembro Negro (Rondônia/2003); Curupira I e II
(Mato Grosso e Rondônia/2005); Ouro Verde (Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins,
Goiás, Maranhão e Ruo Grande do Norte/2005 ); Rio Pardo (Mato Grosso/2005); Terra
Limpa (Rondônia/2005); Trinca Ferro (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Norte/2005), e Terra do Meio (Pará/2006). Essas ações resultaram em 236
prisões. Do total, 75 eram servidores públicos e os outros 161 eram empresários,
madeireiros, despachantes e contadores. Também foram apreendidos 600 mil m3 de
madeira em toras e inúmeros veículos, além da aplicação de multas num valor total de
aproximadamente R$ 1,8 bilhão.
"Após os desmontes das quadrilhas efetuados nas Operações Curupira I e II verificou-se
uma redução no desmatamento, evidente nos dados do ano passado, nos estados do Mato
Grosso e em Rondônia", informou o presidente substituto do Ibama, Walmir Ortega. O
diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, disse acreditar que, a exemplo das demais
operações, essa vai trazer mais resultados expressivos na redução do desmatamento na
Amazônia.
(Gerusa Barbosa, Assessoria de comunicação do MMA)
Texto
disponível em
www.ecoagencia.com.br , 09/06/2006)