Brasil perde mercado sem transgênicos
2006-06-12
A não utilização de sementes transgênicas na agricultura irá fazer com que os
brasileiros percam competitividade no mercado internacional. A prática pode ser
temerária porque estimula o contrabando entre os agricultores e atinge
diretamente a indústria de sementes, considerada um segmento de interesse
estratégico para o Brasil. Essa é a opinião de Luiz Antônio Barreto de Castro,
secretário de Política de Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério
da Ciência e Tecnologia, que ministrou palestra ontem no 4º Congresso Brasileiro
de Soja.
Castro é um dos pioneiros em pesquisa com transgênia no País. Em 1980, ele já
havia iniciado pesquisas com feijão transgênico, com a implantação de um
aminoácido que auxilia no desenvolvido cerebral de fetos humanos. Ele reconheceu
a falta de uma campanha esclarecedora sobre os transgênicos, que ainda são
temidos por grande parte da população. ""Os transgênicos foram proibidos no
Brasil sem nenhuma evidência, já os agrotóxicos que matam e poluem nunca foram
proibidos, a energia nuclear que apresenta riscos maiores também nunca foi
discutida"", argumentou.
Segundo ele, no Brasil, as discussões contra os transgênicos estão concentradas
por dois grupos: um que está perdendo mercado e usa a questão para retardar todo
o processo de pesquisa e outro que é contra por questões ideológicas. ""O
Brasil é o único País do mundo onde está aumentando o consumo de agrotóxicos.
Um governo não pode interromper o fluxo da ciência, as futuras gerações
certamente vão pagar por isso"", salientou. O pesquisador acrescentou que um
governador não pode proibir o embarque de transgênicos em porto, que é federal,
e tão pouco impedir o trânsito desses produtos em rodoviais federais que cortam
o Estado.
Saúde
De acordo com Castro, as pulverizações de inseticidas são responsáveis por 40%
dos custos de produção do algodão (com 12 aplicações), enquanto a variedade BT -
amplamente utilizada no mundo todo - requer apenas duas aplicações de
inseticidas.""As intoxicações com agrotóxicos matam cerca de 400 pessoas por
ano no Brasil e intoxicam cerca de 3,6 mil. Na China, morria cerca de mil por
ano, mas essa quantidade de óbitos caiu dramaticamente quando os transgênicos
foram introduzidos porque o número de pulverizações foi reduzido"", informou.
(Fernanda Mazzini, Folha de Londrina, 09/06/2006)
http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=9879LINKCHMdt=20060609