Estudo mostra como o mundo saiu da última Era Glacial
2006-06-09
O final dos ciclos glaciais que se repetem a cada 100.000 anos é uma das características mais evidentes e fáceis de identificar na história do clima da Terra. Mas uma das questões mais intrigantes da ciência do clima é por quê diferentes partes do mundo, principalmente a Groenlândia, parecem ter se aquecido em ritmos diversos ao final da mais recente glaciação.
Um novo trabalho, publicado na edição desta semana da revista Science, sugere que, exceto por áreas do Atlântico Norte, a maior parte do planeta de fato começou a esquentar ao tempo, por volta de 17.500 anos atrás. Além disso, os cientistas levantam a hipótese de que os registros do gelo antigo da Groenlândia, que mostram que o aquecimento lá só começou há 15.000 anos, podem ter ficado sob um frio extremo por causa dos mesmos eventos que levaram ao aquecimento em outras partes do globo.
A pesquisa, liderada por Joerg Schaefer, da Universidade Columbia, e George Denton, da Universidade do Maine, valeu-se de um método chamado de datação cosmogênica ou por exposição de superfície, que permite determinar por quanto tempo uma superfície rochosa esteve exposta, após a retração das geleiras. Á medida que raios cósmicos penetram na atmosfera da Terra e bombardeiam a rocha nua, forma-se um isótopo do elemento berílio, o berílio-10, a uma taxa conhecida.
Medindo os índices de Be-10 em rochas da Califórnia, Nova Zelândia, e comparando com medições anteriores feitas em Wioming, Oregon, Montana, Argentina, Austrália e Suíça, os cientistas conseguiram fixar o período em que as geleiras do mundo começaram a encolher. O resultado geral aponta para 17.500 nãos atrás. O único lugar que não se encaixa no padrão é a Groenlândia, que não começou a sair da Era Glacial até 15.000 anos atrás.
Os pesquisadores especulam que as temperaturas glaciais na região podem ter continuado por conta das verdadeiras frotas de icebergs gerados pelo derretimento das capas de gelo da América do Norte e da Europa, e que se espalharam pelo Atlântico Norte. A água doce gerada pelo derretimento dos icebergs provavelmente interrompeu a corrente marítima que transporta calor do Equador rumo ao norte.
(Estadão Online, 08/06/2006)
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