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2006-06-09
O lixo seletivo deixado por residências e comércios para a reciclagem nem sempre chega às usinas ou centrais de triagem. Em Novo Hamburgo, os funcionários da empresa Vega, que realiza a coleta seletiva no Município, enfrentam, diariamente, uma disputa com catadores de rua. Ao chegarem nas lixeiras (ou contêineres de resíduos), os recolhedores encontram sacolas abertas, lixo espalhado pelo chão e apenas os materiais excluídos, deixados por catadores de rua. Durante essa semana, o Jornal NH participou da rotina desses profissionais.

Em um dos dias foi acompanhada a rota da coleta seletiva. Já no outro, foi possível verificar que os catadores se adiantam para pegar os resíduos antes dos chamados lixeiros.

Em média, o recolhimento de resíduos secos da Vega, nas ruas do Centro, consegue arrecadar 850 quilos de lixo por dia. Nesse bairro, a coleta ocorre todos os dias. “Se os catadores não passassem antes de nós, teríamos mais lixo e menos sacolas rasgadas”, conta Assis Meer, 21 anos, um dos coletores do caminhão. Na empresa há três anos, Meer primeiro trabalhou com o lixo orgânico e, agora, está no seletivo. O profissional conta que segunda-feira é o dia em que eles têm mais resíduos para recolher. A rota se inicia por volta das 7 horas e termina de acordo com a velocidade e a quantidade de resíduos. O destino final são as centrais de reciclagem da Roselândia e Rondônia, um dia para cada.

Equilíbrio, agilidade e rapidez são fundamentais para o bom desempenho dos coletores. Entre os problemas enfrentados, estão a chuva, o calor e o trânsito. Para o funcionário Adão Ventura, 35, que há 15 anos atua no recolhimento de resíduos, a quantidade de lixo e o número de catadores de rua têm aumentado muito nos últimos anos. “É bem melhor trabalhar com o material seletivo do que com o orgânico. Só tenho medo de acidente”, confessa Ventura.

HORÁRIO - Tanto no Centro quanto em bairros é possível verificar que muitos moradores deixam para colocar o resíduo seco somente próximo ao horário do recolhimento. Esse, porém, não é o caso da funcionária do Edifício Sulbrasileiro, na Avenida Pedro Adams, Cacilda Souto. Ela coloca todo o lixo da portaria no contêiner do material seletivo, independentemente do horário. Cacilda conta que vê muitas pessoas vasculhando as lixeiras e que procura guardar garrafas plásticas e jornais para doar a uma jovem. “Às vezes deixamos comida para os catadores”, comenta.

Os catadores não têm muita escolha para trabalhar. Em sua maioria são desempregados que dependem de materiais reciclados para sobreviver. Mulheres, crianças, jovens, idosos, a pé, com carroça, bicicleta, puxando um carrinho e até com automóvel. É assim que eles atuam. Nada escapa aos olhos: latas, papelão, garrafa PET, plástico, papel, sucata e tudo que tenha valor comercial. “No tempo que tinha poucos catadores nós vendíamos mais. Agora tem gente até de carro pegando lixo. O preço baixou muito”, comenta Maria Neiva de Assis, 59, que, ao lado dos filhos, recolhe material há três anos. A família mora na Vila Nova e sai de casa por voltas das 7h30. Por dia, o valor arrecadado varia de 10 reais a 15 reais.
(Jornal NH, 09/06/2006)
http://www.sinos.net/jornalnh/

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