Há cerca de um mês, o Rio Grande do Sul está fora das fotos tiradas pelo
satélite brasileiro de sensoriamento remoto, o chamado Satélite Sino-Brasileiro
de Recursos Terrestres (CBERS-2). A falha técnica prejudica o andamento de
pesquisas científicas, o monitoramento ambiental e atualizações cartográficas,
entre outros entraves.
Segundo equipamento do tipo construído em parceria do Brasil com a China (por
isso leva o algarismo 2 no nome) e lançado em 2003, foi programado para que
sua câmera fizesse imagens do globo apenas durante o dia para evitar desperdício
de energia. Por uma falha, elas passaram a operar ininterruptamente. Assim, em
abril ela foi desligada para a resolução do problema e religada semana passada
para testes.
Neste período, ela está funcionando por um período mais curto ao longo de sua
órbita, o que deixa o sul do Brasil de fora do foco do CBERS-2. Quando a rota
do satélite cruza o céu gaúcho, a câmera não registra as imagens. Segundo o
meteorologista Solismar Prestes, do 8º Distrito de Meteorologia, isso não chega
a prejudicar a previsão do tempo no Estado porque não se trata de um satélite
meteorológico. Apesar disso, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), as fotografias auxiliam na elaboração de estudos climáticos.
O restante das imagens está disponível na Internet
A geóloga Sílvia Rolim, do Centro Estadual de Pesquisa em Sensoriamento Remoto e
Meteorologia da UFRGS, afirma que os maiores prejuízos recaem sobre as
atualizações cartográficas, avaliações de safras agrícolas, monitoramento
ambiental (como evolução de desmatamento) e de recursos hídricos, além de
pesquisas em geral que envolvam a observação da terra.
- Se um pesquisador pretende fazer um estudo comparativo com imagens de
diferentes épocas, vai ficar sem dados deste período - explica Sílvia.
Embora o país possa se servir de imagens de satélites estrangeiros, a grande
vantagem do CBERS-2 é que todo o seu catálogo é disponibilizado gratuitamente
via Internet para qualquer cidadão brasileiro (pelo site www.cbers.inpe.br),
enquanto fontes externas exigem pagamento.
Contraponto
O que diz o Inpe
Por meio da assessoria de imprensa, o órgão informa que a ausência de imagens
do solo gaúcho ocorre em razão da necessidade de limitar o uso do satélite
durante o período de testes. Esse período se seguiu ao conserto de uma falha
técnica envolvendo o desligamento automático da câmera do aparelho. A promessa
do Inpe é de que o CBERS-2 volte a funcionar plenamente nos próximos dias, já
que o período de testes vem apresentando bons resultados.
(
Zero Hora , 09/06/2006)