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emissões de co2
2006-06-09
Um grupo de japoneses formado pela Jetro, a organização oficial de comércio exterior do Japão e consultores da New Energy and Industrial Technology Development Organization (Nedo), da Mitsubishi UFJ Securities e da Mayekawa Mfg. Co., estiveram ontem (08/06) na Fiesc com empresários catarinenses, em busca de créditos de carbono. No mundo, foram comercializados no ano passado US$ 10 bilhões, Para este ano, a previsão é de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões. O governo japonês quer iniciar a compra de créditos a partir de julho.

Das 360 mil toneladas de crédito negociadas no mundo, 30% foram do Brasil. Uma pesquisa da Jetro divulgada em março identificou que 13,8% das indústrias desenvolvem ou estão em vias de desenvolver projetos relacionados ao Protocolo de Quioto. Outras 42% não têm iniciativas concretas, mas demonstram interesse em fazê-lo.

O gerente da Tractebel Energia, Carlos Alberto Gothe, explica que o crédito de carbono incentiva investimentos com novas tecnologias. "Se com o projeto houver menos emissão de CO2 que sem ele, terá direito a crédito", diz.

Mercado novo
O diretor vice-presidente da Jetro, Yoshiro Hikota, afirma que o Brasil tem potencial, mas recém começa a despertar para este mercado. Ele diz que alguns setores da economia catarinense, como o florestal e de produção de carnes (biodigestores na produção de suínos) têm potencial para participar de projetos de crédito de carbono.

Lages (SC) é a primeira cidade a possuir um empreendimento registrado no Comitê Executivo de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da ONU e está apta a vender os créditos de carbono. Ao queimar resíduos de madeira no Planalto, a unidade de co-geração Lages da Tractebel Energia gera, além de vapor e energia, uma moeda recente: a RCE (Redução Certificada de Emissões), cujo preço de mercado varia de US$ 10 a US$ 12 por tonelada. "Os japoneses são compradores potenciais, mas estamos negociando também com o Banco Mundial e próximos de fechar contrato para venda de parte destes créditos", diz Carlos Alberto Gothe.

A usina, que consome 15 mil toneladas de resíduos de madeira/mês, demonstrou que vai reduzir, e em conseqüência, negociar, 220 mil toneladas equivalentes de CO2 por ano. Isso pode gerar receita de US$ 2 milhões/ano. A usina de Lages criou um mercado para o material de resíduos de madeira na região do Planalto catarinense. Antes, este material era depositado no solo e liberava o gás metano, cujo potencial de aquecimento global é 21 vezes maior do que o CO2.

Em todo o mundo, são 172 empreendimentos aptos a negociar emissões de gases (créditos de carbono). No Brasil, 43 empresas se encontram registradas - a maioria gera energia com bagaço de cana.

Em fevereiro de 2005, com a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, a venda de créditos de carbono foi oficializada. Hoje, este mercado movimenta as economias de países desenvolvidos e em desenvolvimento, embora seu objetivo seja reduzir as emissões de CO2 e outros gases do efeito estufa que aumentam a temperatura do planeta.

No Protocolo ficou decidido que os países desenvolvidos têm de reduzir em 5%, até 2.012, suas emissões de gases de efeito estufa, em relação aos níveis de 1990. Para obter estas reduções, eles necessitam implantar projetos em seu próprio País e/ou comprar RCE de projetos implantados em países em desenvolvimento que não possuem metas de redução.
(Juliana Wilke, Gazeta Mercantil , 09/06/2006)

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