O Japão criou regras mais restritivas sobre a presença de resíduos de
agroquímicos, o que pode prejudicar as exportações brasileiras de café. Hoje o
Japão é o quarto maior mercado do café brasileiro, atrás de Alemanha, Estados
Unidos e Itália.
Segundo o assessor para assuntos da cafeicultura do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), Paulo Motta, a lista de restrição imposta pelo
Japão, que começou a vigorar no dia 29 do mês passado, vale para o mundo
inteiro. A restrição é mais ampla e atinge toda a agricultura e, segundo as
regras, após três violações detectadas em um mesmo produto, as compras do país
de origem serão canceladas.
A princípio, o Brasil está fazendo um levantamento para identificar resíduos no
café produzido nas principais regiões produtoras: Sul de Minas, Cerrado mineiro
e Alto Mogiana (SP). "Querendo respeitar os limites japoneses, por isso o Brasil
está fazendo este levantamento", disse o assessor.
Para o café em grão foram proibidos resíduos de dois princípios ativos, o
Azocyclotin e Cyhexatin. "Estamos extremamente preocupados com a situação, pois
muitas dessas substâncias podem ter sido utilizadas na última safra", diz
Maurício Miarelli, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), em nota.
O Japão respondeu por 10% da receita cambial obtida pelo Brasil no ano passado
com exportações de US$ 233 milhões.
No entanto, o assessor do departamento técnico da Confederação de Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), Thiago Masson, disse discordar da avaliação do CNC, da
possibilidade de haver redução das exportações. "A priori, não vai impactar nas
exportações se fizermos o dever de casa", disse. "Até o primeiro momento, a
restrição do Japão não é uma barreira, porque não impediram as nossas
exportações, apenas impuseram uma modificação (nas regras existentes). Temos
que nos enquadrar às novas regras", disse Masson.
Masson disse que o Japão oferece os melhores preços para o café brasileiro. "Os
japoneses aplicam um deságio em relação ao preço da Bolsa de Nova York muito
menor que o obtido em outros países", disse. "Teremos que nos readequar às
exigências de nossos clientes".
(Viviane Monteiro,
Gazeta Mercantil , 09/06/2006)