Floresta preservada pode ser fonte de renda
2006-06-09
Com aproximadamente 65% do seu território preservado, Mato Grosso ainda não
explora uma atividade econômica comum em outros países justamente para
preservar o meio ambiente: o pagamento por serviços ecológicos como uma opção
econômica de incentivo à conservação.
Este movimento encampado por ambientalistas, políticos e especialistas nas áreas
econômica e social registra experiências bem sucedidas nos Estados Unidos,
França, Costa Rico e México, entre outras nações.
A idéia é simples: o proprietário que detém a floresta em pé receberia benefícios
para mantê-la preservada.
Com isso, o agricultor ou pecuarista cria mais benefícios em prol da sociedade
ao assegurar a manutenção dos recursos hídricos, solo, ecossistemas, seqüestro
de carbono, regulação climática e turismo.
É o que já ocorre, por exemplo, na Bahia, Acre, Maranhão e Pará, segundo o
Ministério do Meio Ambiente. Em Itacaré, no sul da Bahia, um grupo de três
hotéis paga meio salário mínimo a 20 proprietários de terras do entorno para que
mantenham suas áreas de floresta preservadas. Além disso, para receber o
dinheiro, os produtores precisam aderir às práticas de produção sustentável,
como a agricultura orgânica.
Estudo publicado em 1997 na conceituada revista Nature revela que os serviços
ambientais fornecidos pelos principais biomas do mundo chegam a US$ 33 trilhões.
Por serviços ambientais essenciais para a qualidade de vida humana entende-se
água limpa, alimentos e regulação climática, entre outros, conforme estudo da
Avaliação Ecossistêmica do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Temos a obrigação de pensar em alternativas que viabilizem a preservação de
nossas florestas e cerrados conforme querem os ambientalistas, mas que também
preservem as pessoas. Isto porque não podemos condenar as populações que
ocuparam longínquas fronteiras ao abandono e ostracismo econômico. Estas
comunidades têm direito a saúde, educação, segurança e estradas asfaltadas para
se deslocarem”, avalia o secretário de Desenvolvimento Rural, Clóves Vettorato.
Em julho, Vettorato, o secretário-adjunto da Secretaria Meio Ambiente, Luiz
Henrique Daldegan, empresários e representantes da Organização Não Governamental
(ONG) The Nature Conservancy (TNC), visitam nos Estados Unidos o mercado de
serviços florestais.
A proposta do Estado, diz Vettorato, é criar uma Bolsa de Ativos Florestais
(BAF), um subprograma do MT Floresta, cujo objetivo é garantir a comercialização
de ativos florestais com base em estudos a ser pago pela manutenção de reserva
legal e outro valor pela renuncia temporária ou definitiva do direito
constitucional que o proprietário tem de desmate.
“Assim podemos, usando a criatividade, desenvolver alternativas compensatórias.
A única coisa que não podemos fazer é simplesmente baixar uma lei que impeça o
desenvolvimento econômico dessas regiões e que o ônus da preservação recaia
somente sobre os proprietários rurais e os estados onde estão localizados”,
argumenta o secretário.
As propostas do Governo de Mato Grosso são compartilhadas pela União.
(Diário de Cuiabá, 08/06/2006)
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