Estudando o impacto dos furacões na paisagem humana
2006-06-08
Após os duplos temporais dos furacões Katrina e Rita, no ano passado, a cidade de Nova Orleans emergiu cerca de 64%
menor, tendo perdido aproximadamente 279 mil habitantes, de acordo com o primeiro estudo do censo americano na área. A
agência concluiu que os moradores que restaram na cidade têm mais chances de serem brancos, um pouco mais velhos e
com poder aquisitivo alto, em dois relatórios que foram a primeira tentativa de medir o impacto social, financeiro e
demográfico dos furacões na costa do Golfo.
O censo também constatou que enquanto Nova Orleans perdeu dois terços de sua população, a comunidade próxima de St.
Bernard perdeu 95% de seus habitantes, caindo para apenas 3361 moradores até o dia 1 de janeiro. As pesquisas não
incluem o fluxo nas duas áreas que ocorreu neste ano, quando os moradores começaram a reconstruir o que foi
perdido.
Ao passo que Nova Orleans perdeu habitantes, a área metropolitana de Houston emergiu com mais de 130 mil novos
moradores, a maioria deles fugitivos do furacão. A porcentagem de brancos foi um pouco menor entre a população de
Houston - 62,8% da cidade, em janeiro, contra 64,8% em julho passado, um mês antes do furacão Katrina. No condado de
Harris, em Houston, o rendimento familiar médio caiu de US$64.075 para US$62.075, enquanto em Nova Orleans os
números subiram de US$55.326 para US$64.122.
O impacto físico dos furacões na costa do Golfo foi bem documentado. Agora, com estes relatórios, os oficiais do censo
esperam começar a virar o foco para a paisagem humana das regiões afetadas, mostrando em estatísticas como o impacto
do furacão foi sentido pela população mais pobre, minorias e inquilinos de imóveis.
Demógrafos nos Estados afetados disseram, na terça-feira, estar um pouco céticos com relação à metodologia aplicada
nesses estudos, cautelosos com os resultados e incertos do quanto essas pesquisas irão auxiliar na medição do impacto
dos furacões na população. Steve Murdock, demógrafo estadual do Texas, disse que os estudos subestimaram o número de
fugitivos dos furacões em Houston ao limitarem suas medições a moradias individuais e esquecerem de contar as pessoas
que vivem em hotéis, abrigos e outros tipos de habitação.
"Posso dizer que não aprendi nada novo sobre o Texas", disse Murdock. "Esses dados são bastante limitados. A verdade é
que ninguém sabe ao certo o quão confiável essa informação é". Agentes do censo enfatizaram que as pesquisas especiais
usaram uma metodologia diferente daquela aplicada aos estudos típicos, afirmando que algum dos números podem ser
menos concretos do que o normal.
(Por Rick Lyman, The New York Times, 07/06/2006)
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