Cinco camponeses que nunca haviam utilizado uma câmara fotográfica são os autores da exposição apresentada na quarta-feira (07/06) pelo Greenpeace para defender "a cultura arrozeira" na China, país que pode passar a comercializar o arroz transgênico. Os autores das fotos são os camponeses Ma Meiyan, Li Zikang, Xiong Guizhi, Bai Yunxi e Li Minfu, das minorias étnicas Dai, Aini e Pumi, todas na província de Yunnan, no sul do país.

Eles retrataram durante um ano a vida de suas comunidades, que vive em torno do arroz, com uma pequena câmara analógica e os resultados espantam até mesmo fotógrafos profissionais. O diretor de fotografia do Greenpeace Internacional, John Novis, afirmou que o resultado do trabalho não seria obtido "nem pelo melhor fotógrafo do mundo porque os agricultores conhecem a terra melhor que ninguém". A exposição apresenta um total de 101 imagens e percorrerá várias cidades da China.

O projeto começou em 2004, declarado ano internacional do arroz pela ONU, durante uma viagem do grupo ecologista para identificar "modos de desenvolvimento sustentável e proteção da cultura tradicional no berço do arroz", disse Belly Wang, responsável pelas campanhas de Alimentos e Agricultura do Greenpeace.

Além de mostrar o dia-a-dia e os problemas sofridos pelos agricultores do país, a exposição pretende convencer o Governo chinês a não aprovar a comercialização do arroz transgênico, assunto que possivelmente será tratado em uma reunião que acontece este mês no Comitê de Biodiversidade do Ministério de Agricultura. "Os cientistas não chegaram a uma conclusão final sobre a segurança dos produtos transgênicos. A agricultura genética procura continuar o velho caminho da agricultura industrializada, buscando novas tecnologias que modifiquem o ecossistema dos arrozais", afirmaram analistas do Greenpeace.

A China ratificou em maio de 2005 o protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que obriga os exportadores a identificar e facilitar informações sobre os transgênicos, mas não conta ainda com uma lei que ampare a segurança desses alimentos, por isso seu comércio é "ilegal".
(EFE, 07/06/2006)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/06/07/ult1809u8277.jhtm