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2006-06-08
A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande do Sul, que começou a cultivar eucaliptos em 1953 para produzir postes, acumulou tal experiência na gestão de florestas plantadas que está envolvida em dois grandes projetos de recuperação de áreas degradadas. Em Candiota, cobriu de verde 440 hectares de áreas deterioradas pela mineração do carvão. No campo de manobras militares do Exército em Saicã, com 60 mil hectares, em Rosário do Sul, já plantou 387 hectares de eucaliptos para recuperar áreas sujeitas à arenização por ação do vento.

Ao passar essas informações em palestra nesta terça-feira (6/6) em Osório, o engenheiro químico Claudio Cereser, superintendente da Divisão de Recursos Florestais e Ambientais da CEEE, lembrou, entretanto, que a experiência ambiental mais notável da empresa ocorre nos 2440 hectares do Horto Giruá, implantado a partir de 1881 junto ao chamado Deserto de São João, no interior de Alegrete. Na área pertencente à distribuidora, o plantio de eucaliptos segurou o dramático processo de desertificação, que avança em pastagens vizinhas.

A CEEE prepara 30 mil postes novos por ano para sua rede elétrica, composta por 550 mil postes. As outras distribuidoras atuantes no Rio Grande do Sul têm 1 milhão de postes de madeira -- herança da CEEE, parcialmente privatizada em 1997. O eucalipto responde por 95% da rede elétrica gaúcha. No Brasil, 90% dos postes não são de madeira, mas a conversão é questão de tempo. “O poste de madeira está dentro da agenda ecológica das empresas de distribuição de eletricidade porque consome 32% menos energia (para ser produzido) do que um poste de concreto”, afirma Cereser, que está na empresa há 21 anos.

A atual Divisão de Recursos Florestais e Ambientais teve origem na década de 50, por iniciativa do agrônomo Milton Araripe Goulart. Começou na região de Butiá, com a compra de 1080 hectares do Horto Carola, onde se conservam eucaliptos com mais de 50 anos, fornecedores de sementes para os viveiros da empresa. Depois foram compradas as áreas de Candiota e Alegrete. Ao todo, são mais de quatro mil hectares de eucaliptais. Por decisão judicial, a CEEE está recebendo de volta da AES o antigo Horto Renner, em Triunfo, com 1530 ha.

Ao lado dos seus viveiros, onde produz anualmente 1 milhão de mudas de eucalipto e 600 mil mudas de árvores nativas, a CEEE mantém 4 mil hectares de vegetação natural. Uma muda de eucalipto fica pronta em 90 dias, enquanto uma muda de nativa exige pelo menos um ano para chegar ao ponto de replantio. A lentidão do crescimento das árvores nativas é que determina o avanço do eucalipto como principal produtor de madeira do Brasil.

Tratados quimicamente em duas usinas, os postes produzidos pela CEEE têm certificado de garantia e duram até 25 anos. Descartados após o uso original, vêm sendo empregados na construção de casas para índios e brinquedos em escolas de 30 municípios, num trabalho sócio-ambiental que ajudou a empresa a ganhar três prêmios ecológicos de um ano para cá. Segundo Claudio Cereser, os prêmios não teriam sido concedidos, porém, se a Divisão de Florestas não fosse auto-suficiente financeiramente.
Por Geraldo Hasse, especial para o Jornal JÁ, 07/06/2006.

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