Ecologistas russos denunciam chegada de barco com material radiativo
2006-06-08
Organizações ambientalistas russas denunciaram que um barco com material radioativo chegou nesta quarta-feira (07/06) a
São Petersburgo, o que poderia trazer um sério risco para a população do principal porto russo no Báltico e de outras
cidades do país. Vindo de Roterdã, na Holanda, o barco Doggersbank transporta pelo menos mil toneladas de material
radioativo em contêineres, disse à agência Interfax o presidente adjunto da organização ambientalista Ecozashita, Vladimir
Sliviak.
Acrescentou que uma vez carregados em vagões, os contêineres serão transportados de trem até a cidade de Novouralsk,
na região de Sverdlovsk, nos Montes Urais. O transporte desse material radioativo oferece um grande risco aos quatro
milhões de habitantes de São Petersburgo e de outras grandes cidades como Vologda, Kirov e Perm, por onde passará o
comboio. Os contêineres pertencem à multinacional Urenco, dedicada ao enriquecimento de urânio, mediante um acordo
assinado com a Rosatom, a agência russa de energia atômica.
Segundo a organização ambientalista Greenpeace, a cada dois ou três meses chegam a São Petersburgo barcos
carregados com resíduos radioativos. Além dos envios da Urenco, que tem fábricas na Alemanha, Grã-Bretanha e Holanda,
chega também a São Petersburgo material radioativo da francesa Eurodif, que junto com a americana Usec são as três
corporações mais importantes do mundo em processamento de urânio.
Segundo os ecologistas, em pelo menos quatro fábricas controladas pela Rosatom, nos Urais e na Sibéria, foram
processadas mais de 20 mil toneladas de material radioativo, altamente tóxico, dessas multinacionais. Em junho de 2001, o
Parlamento russo aprovou uma lei que regulamentou o armazenamento, a reciclagem e a importação de resíduos de reatores
nucleares.
O documento, criticado pelos ambientalistas, legalizou a importação do combustível usado nas centrais nucleares tanto
russas como estrangeiras para obter a partir de sua reciclagem, combustível nuclear novo. Na visão dos ecologistas, a lei
causa um dano ecológico irreparável, pois aumenta a quantidade de resíduos radioativos acumulada em depósitos do país e,
em conseqüência disso, aumenta também o risco de contaminação para a população e para o ambiente.
(Efe, 07/06/2006)
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