BNDES destina R$ 1,58 milhão para Museu do Rio São Francisco
2006-06-08
Fonte de vida e de inspiração, o rio São Francisco vai ganhar um museu para documentar a rica história dos seus 2,7 mil quilômetros de extensão que cortam cinco estados brasileiros. O Museu do Rio São Francisco será instalado em Penedo, a principal cidade histórica de Alagoas e a mais antiga das margens do rio.
O projeto de criação do Museu do Rio São Francisco será apoiado pelo BNDES em conjunto com o Ministério da Cultura. O contrato de patrocínio foi assinado segunda-feira, dia 5, pelo presidente do BNDES, Demian Fiocca, e o ministro Gilberto Gil, em solenidade que contou com as presenças do presidente do IPHAN, Luiz Fernando Almeida; do secretário de Cultura de Alagoas, Paulo Pedrosa; e do prefeito de Penedo, Marcius Beltrão Siqueira.
O valor total do projeto é de R$ 5 milhões, divididos em duas parcelas, sendo a primeira no montante de R$ 2,5 milhões. O patrocínio do BNDES, nesta primeira fase, é de R$ 1,58 milhão e compreende os seguintes itens: projetos de detalhamento da obra de restauração (elementos arquitetônicos, topografia, parte elétrica, hidráulica, refrigeração, telefonia); demolições; primeira etapa de restauração; e projeto museográfico.
O Museu do Rio São Francisco será instalado em dois imóveis, tombados pelo IPHAN em 1996: o Cadespe, sede do antigo Clube de Pesca de Penedo, e o Chalé dos Loureiros, que sediará o centro de documentação.
O Cadespe, pertencente à prefeitura de Penedo, tem os fundos voltados para as águas do São Francisco, permitindo, assim, integrar o próprio rio no acervo do museu, com a exposição de embarcações típicas.
Este será um museu diferenciado por não partir de um acervo tradicional, pré-constituído, e, sim, de um conceito "visita-viagem", que procura chamar a atenção para as especificidades de cada um dos quatro grandes segmentos do rio: Alto São Francisco (em Minas Gerais, da nascente a Pirapora); Médio São Francisco (Minas Gerais e Bahia, de Pirapora a Sobradinho); Sub-Médio São Francisco (Bahia, de Sobradinho a Paulo Afonso); e Baixo São Francisco (Bahia, Sergipe e Alagoas, de Paulo Afonso ao Oceano Atlântico).
Assim, o Museu do Rio São Francisco vai preservar a memória histórica e cultural de todos os aspectos que tornaram o "Velho Chico" tão influente na vida cotidiana dos indivíduos da região. Cada um dos segmentos do rio ganhará um espaço expositivo e de referência onde serão abordados os centros e monumentos históricos, os sítios arqueológicos, os mitos e elementos folclóricos, o artesanato, as festas, as feiras, as manifestações da cultura popular e as características ambientais. As salas de exposição do museu visam difundir conhecimento sobe o rido e estimular a visitação à diversidade ambiental e cultural presente em suas margens.
Partindo de Penedo, serão sinalizadas todas as cidades das margens, destacando suas características. As informações serão organizadas e seu acesso se dará mediante terminais multimídia (som, imagens - filmes e iconografia) e de peças coletadas nas cidades envolvidas. São 503 municípios nos estados de MG, BA, PE, SE e AL sob influência histórica e cultural do rio São Francisco, com uma população de cerca de 16 milhões de habitantes.
Penedo é um dos mais antigos núcleos de povoamento de Alagoas. Implantado à margem esquerda do rio São Francisco, a cidade recebeu este nome devido ao rochedo sobre o qual foi constituído o casario do seu núcleo original. O município tem 57 mil habitantes, sendo 73% de residentes na área urbana. Tem como atividade principal a agricultura de subsistência e o plantio da cana-de-açúcar, embora também sejam importantes na renda do município a pesca e o turismo.
A instalação do Museu do Rio São Francisco assume papel fundamental na iniciativa de se transformar a principal cidade histórica de Alagoas em um portal de acesso às inúmeras faces do rio e de seu patrimônio histórico e cultural.
A criação do museu está relacionada com a ação do Programa BID-Monumenta, de preservação do patrimônio histórico urbano, que tem como um dos seus eixos reforçar a relação da cidade de Penedo com o rio São Francisco. O Programa já executou a recuperação da Praça Barão de Penedo, a restauração da Igreja de Nossa Senhora da Corrente, da Igreja de São Gonçalo Garcia e da Casa da Aposentadoria, além da recuperação da orla do rio. Em paralelo, estão sendo desenvolvidas ações para o fortalecimento da cultura e tradição locais, com a criação de núcleo de capacitação de mão-de-obra em restauro e a introdução do conceito de política urbana associada à preservação do patrimônio cultural no processo de elaboração do Plano Diretor Participativo.
(Agência Brasil, 05/06/2006)
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