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2006-06-07
“Terras áridas, nosso modo de vida. Vamos salvá-las”. Esse é o lema adotado pelo Quênia para o Dia Mundial do Meio Ambiente, que este ano se concentra na defesa dos desertos e seus moradores. O distrito de Garissa, na Província Nordeste do Quênia, é anfitrião da celebração nacional da data, que em todo o mundo tem como motivo “não desertifiquem as terras áridas”. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), uma zona árida é uma área onde há poucas chuvas e uma elevada evaporação.

Em muitos sentidos, os problemas dessa província são típicos dos desertos de todas as partes: falta de estradas e outras infra-estruturas, e serviços de saúde e educação inadequados, entre muitos outros. Nessa região há um médico para cada 120 mil pessoas, quando não muito longe, na Província Central, há um médico para cada 20 mil moradores, alertou em 2004 o relatório do escritório para a África oriental da não-governamental Sociedade para o Desenvolvimento Internacional. Segundo o censo mais recente, feito em 1999, a Província Noroeste abriga cerca de 960 mil habitantes.

O estudo da Sociedade para o Desenvolvimento Internacional, intitulado “Jogando por terra: Fatos e números assombrosos sobre a desigualdade no Quênia”, também diz que apenas uma em cada três crianças nessa província vai à escola primária, enquanto a presença no curso primário é universal na Província Central. “As pessoas que moram em terras áridas, 90% delas em países em desenvolvimento, estão muito atrasadas em relação ao resto do mundo em matéria de indicadores de bem-estar humano e desenvolvimento”, afirma o Pnuma.

“As terras áridas estão empobrecidas porque os pobres que vivem nelas, especialmente as mulheres, raramente têm uma voz política forte e freqüentemente carecem de serviços essenciais, tais como cuidados com a saúde, extensão agrícola e educação”, acrescenta a agência da ONU. A produção de animais de criação é o principal meio de vida na Província Noroeste. Estatísticas da Autoridade Nacional para a Administração Ambiental indicam que cerca de 90% da renda dos lares procedem dessa atividade. Entretanto, os alimentos, e água para o gado e outros animais são limitados.

Isso desatou um conflito pelos recursos em torno das comunidades rurais na área, onde os enfrentamentos obrigam as pessoas a fugirem de suas casas. Em julho de 2005, aproximadamente 90 pessoas morreram em episódios de violência entre clãs na localidade de Marsabit. A grande população de animais de criação também prejudicou o meio ambiente, já degradado. “Há uma necessidade de assegurar a conscientização sobre a importância de manter animais de modo sustentável”, disse Betty Nzioka, diretora em exercício do departamento de Informação Ambiental e Participação Pública da Autoridade Nacional para a Administração Ambiental. “Existe uma necessidade de fazer com que essas pessoas tenham animais de qualidade, que não estejam preocupadas apenas com os números”, acrescentou.

O Pnuma alega que, globalmente, até 20% das zonas áridas sofrem degradação e que o problema se agrava nas nações em desenvolvimento. Wambugu Wamahiu, do não-governamental Movimento Cinturão Verde, recomendou a conscientização por meio de campanhas educativas que mudem a maneira de pensar dos habitantes de zonas áridas. “Eles têm a crença ancestral de que os números do gado dizem tudo. Deveriam saber que possuir muitos animais não faz muito bem. Os animais correm por todo lugar e destroem a escassa vegetação, afofam o solo quando chove, causando sua erosão”, acrescentou.

Mas, antes de tudo, “o governo deve proporcionar água para garantir nosso bem-estar. As mulheres têm de caminhar quilômetros para conseguir água”, disse à IPS Hubbie Hussein Al-Haji, da Womankind Kenya, uma organização dedicada ao desenvolvimento na região. As autoridades alegam que as iniciativas para aumentar os pontos de fornecimento de água já estão em curso. “Este ano o governo fez 200 perfurações e construiu 300 represas e depósitos para armazenar e fornecer água. O governo também revitaliza o desenvolvimento de irrigação e drenagem em várias partes do país”, disse o president Mwai Kibaki em um discurso público pronunciado no dia 1º deste mês.

Mas os moradores de zonas áridas que participaram de uma transmissão interativa por parte de um canal de televisão local no mesmo dia, pareciam não estar sabendo de tais projetos ou de outras iniciativas oficiais para o desenvolvimento. Vários anos de seca no norte e leste do país também pioraram as já difíceis condições de vida, deixando uma grande parte da população dependente da ajuda alimentar. O Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas pediu fundos para poder dar comida a cerca dde 3,5 milhões de pessoas até fevereiro próximo.

A pressão das necessidades e atividades humanas diárias sobre as terras áridas pode ser devastadora. Esse é o caso dos acampamentos de refugiados de Ifo, Dagahaley e Hagadera, que se instalaram em volta do povoado de Dadaab, na Província Noroeste. Os acampamentos têm uma população de aproximadamente 130 mil habitantes – a maioria somalianos que fugiram da violência em seu país – e existem há cerca de 15 anos. “Todos eles dependem da madeira como combustível. Cortaram árvores autóctones para obter lenha. Isto prejudicou completamente o ecossistema de todo o lugar”, disse Nzioka.

A pobreza também empurrou os quenianos da região a usar de modo sustentável as árvores locais, que são empregadas para produzir carvão vegetal ou madeira para venda, segundo pesquisa feita pela Autoridade Nacional para a Administração Ambiental. Trinta por cento dos moradores do Quênia ocupam terras áridas, que constituem cerca de 90% do território deste país na África oriental, segundo a Autoridade Nacional.

De acordo com o site do Dia Mundial do Meio Ambiente, mais de dois bilhões de pessoas (um terço da população mundial) vivem em zonas áridas, que representam 41% de todo o território. As comemorações do 5 de junho fazem parte de um esforço mais amplo para conscientizar sobre a fragilidade das regiões secas. A Assembléia Geral da ONU também declarou 2006 o Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.
(Por Joyce Mulama, Envolverde, 06/06/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=18189

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