Os investimentos do Grupo Energias do Brasil, no País, hoje voltados apenas
para a energia hídrica, deverão nos próximos dez anos serem direcionados para a
biomassa, de acordo com o vice-presidente de geração da holding, Custódio
Miguens. "Houve um refortalecimento das áreas cultivadas de cana-de-açúcar o
que nos dá perspectivas para reforçar ainda mais o setor energético brasileiro",
disse. O empresário foi um dos palestrantes do "Observatório GeoEstratégia de
Energias", realizado ontem na Fecomércio. Nos próximos três anos, os
investimentos da EDB no País deverão chegar perto de US$ 2,5 bilhões.
Para o presidente da Endesa Generación Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, que
também participou do evento, é preciso garantir eficiência energética através
de uma política mundial, que decida as regras principais para o setor. "Essa
política está na pauta do G8 e da União Européia, que já estão sentindo os
efeitos da falta de regras", afirma. Atualmente a China e a Índia, que juntas
tem uma população de 2,5 bilhões de pessoas, e representam 40% da população
mundial, consomem 11,2% do petróleo produzido no mundo por dia. Em contrapartida,
os Estados Unidos tem uma população menor, 5% e consomem 25% do petróleo. "Se
o panorama internacional acena para a precaução, no Brasil podemos afirmar que
agora é um bom momento para os investimentos em alternativas e também em crédito
de carbono".
O diretor da Partex Oil and Gas, Antonio Costa Silva, citou um estudo no qual
ressalta que o furacão Katrina que varreu o Golfo do México em 2005 e os apagões
no Brasil em 2001, mudaram o processo energético no mundo. "Foi um colapso, onde
as críticas atraíram as atenções das autoridades para a criação das políticas.
Pelos dados da Partex, no Brasil o gás deve ganhar espaço quando as reservas de
petróleo entrarem em declínio. "O planeta consome petróleo e depende ainda de
seis países do meio Oriente. É preciso que essa dependência acabe. Precisamos
inovar e, por isso, vamos investir em campos de petróleo digitais. Usando
tecnologia moderna vamos poder perfurar postos de forma inteligente, já que
apenas 30% do petróleo da terra foi descoberto, temos ainda 70% para explorar",
ressalta.
O presidente da Iberdrola Portugal, Joaquim Pina Moura, seguiu a mesma linha
dos outros empresários portugueses. "Não podemos deixar que haja interferências
políticas porque assim não teremos ganhos e nem eficiência e sim desperdício.
Precisamos que sejam tomadas decisões de médio e curto prazo", afirmou.
Para o vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Antonio
Couto dos Santos, o Brasil, a China e outros emergentes, devem apresentar até
2020, aumento no consumo de energia de 60%. "São números assustadores. É preciso
uma análise estratégica que nos permita encontrar alternativas para sustentar
esse crescimento de forma ordenada", disse.
(Ivonéte Dainese,
Gazeta Mercantil , 07/06/2006)