União Européia compra briga por OGMs, mas 5 países ainda impõem restrições
2006-06-07
Neste país famoso por sua rebeldia, há uma coisa na qual quase todos os gregos concordam: eles não querem que safras de vegetais geneticamente modificados sejam cultivadas, vendidas ou ingeridas por aqui. A Grécia e outros poucos países da União Européia que baniram os organismos geneticamente modificados estão à frente de uma guerra contra o futuro dos alimentos transgênicos na Europa, a única grande parte do mundo que ainda não cultiva ou compra este tipo de safra.
Enfrentando a pressão internacional e respondendo a uma ação judicial requerida por Estados Unidos, Canadá e Argentina na Organização Mundial de Comércio (OMC), a União disse este ano que todos os membros de estado devem abrir as portas de seus respectivos países para os alimentos geneticamente modificados. No entanto, cinco países já impuseram oito tipos diferentes de restrições. Muitos outros usaram seus votos no Conselho Europeu de Ministros para bloquear a entrada das safras.
Além de colocar a Organização Mundial de Comércio contra a União Européia, a batalha também cria um divisor de águas pelo Atlântico, com os aliados europeus de um lado e os Estados Unidos e o Canadá, que produzem a maioria das sementes e safras geneticamente modificadas, de outro. O problema reside no fato de os europeus, que desenvolvem técnicas de agricultura há séculos, não quererem vegetais transgênicos em seus campos ou à mesa.
“Nós achamos que adotamos uma boa política, porém, descobrimos uma relutância extrema por parte dos consumidores e de muitos membros de estado para continuar com os organismos geneticamente modificados (OGM), o que novamente bloqueia as aprovações.”, disse Bárbara Helferrich, porta-voz do Diretório Ambiental. Enquanto há poucas (se é que elas existem) evidências científicas comprovando que os alimentos geneticamente modificados são nocivos ao homem, em boa parte da Europa eles são tão impopulares que os principais supermercados europeus não irão sequer estocá-los.
Porém produtores de produtos geneticamente modificados (e os países por eles representados) estão acompanhando de modo agressivo o processo na Organização Mundial de Comércio e com os países individualmente, estimulados por um mercado europeu ainda não-aproveitado. “A primeira visita que qualquer ministro novo na Grécia recebe é do embaixador dos EUA dizendo Vocês precisam ter os organismos geneticamente modificados, disse Theodore Koliopanos, legislador e antigo ministro do meio-ambiente da Grécia.” A pressão é inacreditável”.
O gabinete do representante de comércio dos EUA sustenta que “a União Européia está impondo prolongamentos indevidos na aprovação da biotecnologia, resultando em atrasos e evitando o marketing de muitas safras produzidas nos Estados Unidos.”
(Por Elisabeth Rosenthal, The New York Times, 06/06/2006)
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