Debate sobre energia eólica cria disputa ambiental
2006-06-07
Dan Boone não tem dúvidas de que sua cruzada contra a energia eólica é a maneira mais certa de proteger as montanhas de Alleghney que tanto ama. Mesmo sendo chamado de maluco ou, no pior dos casos, traidor, pelos outros ambientalistas, Dan permanece impassível. Por quatro anos ou mais, Boone viajou pela Nova Inglaterra com o intuito de reunir o maior número de argumentos possíveis contra projetos locais de energia eólica: eles matam pássaros e morcegos; são barulhentos, ineficientes e não fazem mais do que uma contribuição simbólica para as necessidades da energia.
Usinas eólicas nos prados vazios da Dakota do Norte? Tudo bem. Mas não no terreno montanhoso do sudoeste da Pensilvânia, Maryland ocidental ou no oeste da Virgínia, áreas onde 15 novos projetos foram propostos. Se todos fossem construídos, entre 750 e 1000 turbinas se alinhariam no topo das montanhas, produzindo, em média, eletricidade suficiente para abastecer 600 casas.
Projetos eólicos estão no meio de um imenso repente de crescimento em várias partes do país, guiados por iniciativas governamentais que promovem alternativas aos combustíveis fósseis. Mas com o medo do aquecimento global cada vez maior, Boone e outros ativistas locais se encontram cada vez mais fora de ritmo com o movimento. “A grande marcha ambiental tem consciência da necessidade urgente de energias renováveis para evitar o aquecimento global”, disse John Passacantando, diretor executivo do Greenpeace norte-americano. “Mas continuamos a lidar com grupos que ainda não entenderam realmente os riscos que o aquecimento global representa”.
Mas Boone diz que os defensores da energia eólica são os que defendem seus próprios interesses às custas da população. Sua primeira linha de ataque é ecológica: ele afirma que essa fonte de energia é uma ameaça potencial aos morcegos e pássaros migratórios, além de destruir seu habitat natural.
Aves de rapina e outros pássaros foram mortos pela primeira geração de turbinas eólicas instaladas em Altamont Pass, no norte da Califórnia, no começo dos anos 80. Desde então, o desenho das turbinas foi alterado, e estudos subseqüentes mostraram que os pássaros tendem a voar acima da altura da maioria das turbinas. Apesar disso, especialistas afirmam a necessidade de estudos mais aprofundados.
Porém, as turbinas ao sul da cidade de Thomas, no oeste da Virgínia, foram letais aos morcegos; mais de 2000 foram mortos em 2003. Oficiais da indústria concordam que a mortalidade dos morcegos é inaceitável, e estão estudando os benefícios de dispositivos de impedimento e as melhores maneiras de modificar as operações das turbinas em áreas fartas em morcegos.
(Por Felicity Barringer, The New York Times, 06/06/2006)
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