A partir de julho, terão início testes com aplicação de agentes oxidantes nas adutoras de captação de água da Capital para evitar que novas larvas de mexilhões dourados se fixem e desenvolvam. A informação foi dada ontem pelo biólogo da Divisão de Tratamento do Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre (Dmae), Marcio Suminsky.
A exemplo da usina de Itaipu, o Dmae busca controlar a proliferação de mexilhões. Suminsky ponderou que a Itaipu gera energia elétrica e não produz água para consumo. No caso do Dmae, o tipo de tecnologia para o combate não pode causar prejuízos à população.
Suminsky observou que a transformação do oxigênio em ozônio necessitaria de readequação para os volumes bombeados pelas estações de tratamento do Dmae, que chegam a 2 mil litros por segundo, bem superiores ao do sistema de resfriamento de turbinas de Itaipu.
Quanto ao hipoclorito, o biólogo do Dmae afirmou que seu uso no combate ao mexilhão nas adutoras de água bruta poderia gerar subprodutos indesejáveis na hora do abastecimento.
Colônias da espécie exótica preocupam o Dmae desde 1999, quando foram detectadas pela primeira vez nas adutoras de captação de água bruta. Inspeções e limpeza feitas periodicamente por mergulhadores têm minimizado o problema. O Dmae faz remoção por raspagem de colônias de moluscos adultos. Suminsky estimou que o custo mensal para o combate é em média de R$ 300 mil.
A população pode colaborar limpando material de pesca e embarcações ao usá-lo em diferentes mananciais. Jogar restos de pescaria em outro manancial pode ajudar a disseminar o molusco, que ainda não tem predador natural suficiente para garantir o seu controle.
O mexilhão dourado se reproduz rapidamente em água doce, entupindo canos onde formam colônias. A espécie, por meio da água de lastro de navios estrangeiros, atinge todas as regiões do país, de acordo com a área de Recursos Genáticos do Ministério do Meio Ambiente. Considerando impossível a erradicação do molusco, o ministério diz que o máximo a ser feito é o controle.
O total de 2,4 mil larvas de mexilhão dourado por metro cúbico registrado, em 2005, no lago da usina de Itaipu, caiu, até maio deste ano, para 1,365 mil, segundo o diretor de Meio Ambiente Aquático da hidrelétrica, Domingo Fernandes. Isso graças à limpeza periódica do sistema de encanamento responsável pela refrigeração das turbinas. Além de remover os animais, os pesquisadores usam hipoclorito e gás ozônio, evitando que se espalhem. A espécie originária da Ásia é encontrada no lago da usina desde 2001, quando se instalou no encanamento.
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Correio do Povo, 07/06/2006)