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2006-06-07
O governo trabalha para licitar ainda este ano o complexo hidrelétrico do Rio Madeira, com potência de 6,4 mil megawatts (MW), projeto considerado fundamental para o abastecimento do País a partir de 2011. O presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, disse ontem que falta só fechar os detalhes do modelo da concessão, que deve ser diferente dos outros projetos de geração elétrica.

A EPE realiza em setembro o primeiro leilão para comprar energia para 2011. O leilão para o projeto do Rio Madeira, diz Tolmasquim, deve ser realizado em seguida. O executivo não quis adiantar detalhes do modelo, mas adiantou que a tendência é que as usinas sejam vendidas por inteiro, sem a reserva de uma fatia para estatais. Ou seja, se as empresas do grupo Eletrobrás quiserem participar, terão que concorrer com os demais agentes do setor.

O complexo do Rio Madeira prevê a instalação de duas usinas praticamente do mesmo tamanho, chamadas de Jirau e Santo Antônio. Ao lado da Hidrelétrica de Belo Monte e da usina nuclear de Angra 3, o projeto faz parte da tríade de obras estruturantes do Plano Decenal de Energia elaborado pela EPE. O programa prevê investimentos de R$ 74 bilhões no aumento da oferta de energia no país até 2010, com a adição de 4 mil MW novos por ano.

Em evento no BNDES, Tolmasquim reclamou da dificuldade na aprovação de hidrelétricas no Brasil. Segundo ele, o aumento das exigências ambientais e das comunidades atingidas vem encarecendo os projetos, a ponto de perderem competitividade com relação às usinas térmicas.

"Qualquer projeto hidrelétrico virou moeda de barganha para entidades, ONGs e prefeituras, por exemplo", afirmou. "Há exigências legítimas, como escolas, hospitais, mas será que é o consumidor de energia quem deve pagar por isso? Ou são as prefeituras?" O presidente da EPE destacou que as usinas térmicas não enfrentam tantas exigências e, por isso, estão ganhando vantagens comparativas.

Ele afirmou, porém, que com a entrada das usinas do Rio Madeira, além da Usina de Estreito - com 1 mil MW, no Tocantins, cuja licença ambiental está prestes a ser concedida - o Brasil retomará sua vocação hidrelétrica.
(Por Nicola Pamplona, O Estado de São Paulo, 06/06/2006)
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