Produção madeireira do Mato Grosso do Sul pode acabar se não houver novos plantios
2006-06-06
Mato Grosso do Sul poderá extinguir a produção de madeira – principalmente
pinus e eucalipto – nos próximos três a quatro anos, se não iniciar novas
plantações de imediato. A retomada do cultivo já deveria ter acontecido a
partir de 2002, considerando-se que o eucalipto tem uma rotação de seis anos e
o pinus, para uso mais nobre, de dez anos.
De acordo com o presidente e o diretor-executivo da Reflore, Luiz Calvo Ramires
Júnior e Benedito Mário Lázaro, respectivamente, hoje no Estado existem 105 mil
ha de eucalipto e 28,2 mil ha de pinus. Segundo os empresários, a área ocupada
é mínima e além disso, grande parte deste maciço pertence à International
Paper.
No Estado, segundo Benedito, "a área disponível no Estado é de 4,67 milhões de
ha (somados os municípios de Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas) e se
utilizarmos 10% dela, teremos mais 460 mil ha a mais do que temos hoje e com
isso ficaríamos na frente de muitos Estados na área de reflorestamento". Porém,
para que o processo se inicie, é necessário atrair investidores para o Estado.
Para isso, será necessário elaborar um projeto que mostre os potenciais da
região, o know-how, o clima, solo favorável e toda a logística que envolve a
produção. "Precisamos aumentar o número de pequenos investidores e de
produtores", ressalta Ramires. Porém, será necessária a participação do Governo
estadual, investidores e produtores.
Outro ponto é em relação ao consumo do que virá a ser produzido. "Além de o
Governo estadual investir no projeto, também precisamos de indústrias para
beneficiar a madeira e de empresas que comprem a produção", diz Benedito. Com
uma possível escassez de madeira a curto prazo, a preocupação também se estende
aos municípios que têm um dos pilares da sua economia sustentado pelas
madeireiras, como é o caso de Água Clara, que possui mais de 40 serrarias.
Entraves
A dificuldade em formar novos maciços florestais está na elaboração de um
projeto que mostre os potenciais da região. Benedito comenta que será
necessário um investimento considerável e o setor não tem condições financeiras
para arcar com as despesas. "sem um plano fica difícil atrair empresários para
a região", dizem os empresários. Depois de o projeto terminado, os
financiamentos para plantio poderão ser feitos através do Fundo Constitucional
do Centro-Oeste (FCO).
Hoje, o único projeto de plantação de eucalipto e pinus é da International
Paper, em Três Lagoas, em sistema de consórcio com os produtores, ou seja, a
indústria fornece as mudas e os insumos, garantindo a compra de toda a produção.
(Vera Halfen, Correio do Estado, 05/06/2006)
http://www.correiodoestado.com.br/exibir.asp?chave=131047,1,3,05-06-2006