Café defeituoso pode virar biodiesel
2006-06-06
Depois de três anos de testes, pesquisadores da Universidade Federal de Minas
Gerais comprovaram a viabilidade de se converter óleo de café em biodiesel. A
novidade surge justamente no momento em que o governo começa a apostar na
produção do diesel a partir de óleo vegetal para reduzir a dependência externa
do País e incentivar o agronegócio. O estudo pioneiro dos professores da Escola
de Engenharia da UFMG sugere a produção de combustível a partir de grãos de
café defeituosos, considerados impróprios para o consumo.
A intenção da pesquisa, no entanto, não é estabelecer uma nova fonte energética.
"Queremos dar uma alternativa de uso para os grãos defeituosos", afirma o
coordenador do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Café da Universidade,
Leandro Soares de Oliveira. O óleo de café, segundo ele,poderia ser
reaproveitado nas próprias fazendas e cooperativas produtoras, como combustível
para equipamentos, tratores e caminhões. Além de econômica, a nova alternativa
reduziria o impacto ambiental no meio rural. A tecnologia para a produção do
biodiesel a partir de grãos impróprios para o consumo já está em fase de
aperfeiçoamento.
Os grãos defeituosos representam, em média, 20% da produção nacional de café,
que na safra 2006/2007 deve atingir 40,62 milhões de sacas de 60 quilos,
conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Brasil é o
maior produtor mundial de café. Minas Gerais responde por quase a metade da
safra. A previsão é que cerca de 26 milhões de sacas sejam exportadas e o
restante da produção fique no mercado interno.
Os resultados da pesquisa realizada em Minas Gerais mostraram que a cada 100
quilos de café é possível obter 12 quilos de óleo. Desses 12 quilos, nove são
convertidos em biodiesel. Em comparação com outras oleaginosas, a produção de
óleo a partir do café é muito baixa. Da semente de soja, por exemplo,
consegue-se extrair 20% de óleo. Da mamona, retira-se em média 45% e do babaçu,
66%. As informações são de O Estado de S. Paulo.
(Estadão, 05/06/2006)
http://www.estadao.com.br/agronegocios/noticias/2006/jun/05/39.htm