Mais da metade da China está em situação ecológica frágil
2006-06-06
A China, segundo emissor do mundo de dióxido de carbono, anunciou hoje (05/06) que 60% de seu território está em uma situação ecológica "frágil", mas se comprometeu a pôr a deterioração ambiental "sob controle" em 2010. As conclusões foram anunciadas em vários documentos oficiais divulgados por ocasião da celebração, hoje, do Dia Mundial do Meio Ambiente, dedicado este ano à desertificação, um fenômeno que teve especial relevância na China nos últimos anos.
Em um dos relatórios, a Administração Estatal de Proteção Ambiental (Sepa) adverte que o "estado ecológico" do país se deteriora apesar das políticas efetivas em alguns campos. Suas conclusões são "alarmantes": a situação ecológica de 60% do território chinês é "frágil", com 90% dos pastos naturais ameaçados pela degradação e a desertificação, e 40% das áreas úmidas em declive. "Vastas áreas de pântanos naturais foram substituídas por arrozais e construções, sobretudo nas regiões dos rios Yang Tsé e Pérola (motores econômicos do país)", disse Shu Jianmin, vice-presidente da Academia de Pesquisa Chinesa de Ciências Ambientais, citado hoje pelo "China Daily".
Melhor previsão foi oferecida pelo Conselho de Estado (Executivo) em um livro intitulado "Proteção Ambiental na China (1996-2005)", no qual diz que "a tendência rumo ao agravamento da poluição e destruição ecológica está diminuindo" graças a suas políticas. "Achamos que o estudo é uma boa iniciativa, pois revisa a situação dos últimos anos. Estamos de acordo, em princípio, com o enfoque. O Governo reconhece que o conflito entre desenvolvimento e meio ambiente está se tornando mais importante", disse hoje à Efe Lo Sze Ping, diretor de campanha do Greenpeace na China.
Segundo Lo, o grande desafio é a falta de aplicação da legislação e das normas, que muitas vezes "se perde" quando chega às administrações locais e provinciais, problema de difícil solução de acordo também os ecologistas chineses. "Já temos muitas leis de proteção ambiental, mas o problema agora é como aplicá-las. Nosso principal desafio é como incorporar a proteção ecológica às políticas de desenvolvimento econômico", apontou a ecologista Li Junhui, do grupo Amigos da Natureza.
Mas Pequim diz estar disposto a superar os obstáculos e em seu Plano Qüinqüenal (2006-2010) se compromete a reduzir em 10% as emissões tóxicas e a aumentar a taxa de florestas dos atuais 18,2% para 20%. "Gostaríamos muito que fosse assim. Mas ainda é um pouco cedo para dizer se é um objetivo realista ou não", ressaltou Lo Sze.
Sobre a desertificação, o veterano ecologista americano Lester Brown considera que este é o problema mais "inquietante" na China, com uma ameaçante e enorme bolsa de pó no norte do país, que transforma vastas extensões de terra arável em deserto. "Há projetos-piloto que tiveram êxito em algumas partes, mas em geral não estamos nem perto de dar fim a esta situação", disse Brown em entrevista coletiva na semana passada. Nesta luta, no entanto, a China proclamou no fim de semana seus lucros como "líder mundial" da chuva artificial para aliviar as secas e lutar contra incêndios, com 3 mil trabalhadores, um arsenal de 7 mil canhões e 4.687 lançadores de foguetes.
(EFE, 05/06/2006)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/06/05/ult1809u8263.jhtm