Madeireiros dizem ser retrocesso a modificação de reserva ambiental
2006-06-06
A movimentação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Roraima no sentido de criar uma reserva extrativista que se estenderá de Roraima ao Amazonas, num total de 465 mil hectares, será um retrocesso por englobar outra criada no ano passado pelo Estado, onde existe plano de manejo sustentável das riquezas naturais para garantir a preservação. A afirmação é de Otto Matsdorff, presidente do Sindicato dos Madeireiros (Sindimadeira).
De acordo com Otto Matsdorff, o Ibama não teria justificativa para criar reserva extrativista em espaço de outra já consolidada em dezembro de 2005 pelo Estado, com 285 mil hectares, seguindo o Programa de Manejo Sustentável de Roraima (Promasurr). “Isso atrapalhará a utilização social e econômica da área. Acredito que o bom-senso vai prevalecer e vamos remover essa tentativa do Governo Federal, que mais uma vez quer colocar entrave ao desenvolvimento de Roraima”.
Para o sindicalista, a delimitação da reserva através do Promasur evita o desmatamento porque o setor madeireiro deixará de pressionar outras áreas. O volume atende a demanda por pelos menos um século. “Os empresários que exploram madeira não irão atrás de matéria-prima em outros locais”, afirmou ao detalhar que existe um plano de manejo sustentável. A idéia é que a cada 25 anos se retorne ao primeiro ciclo de corte, de cerca de 10 mil hectares anuais, mantendo a floresta em pé.
Otto Matsdorff comentou que a cooperativa criada para essa exploração permitirá a racionalização da atividade e o reaquecimento do setor, cujas ações estão “contingenciadas”. A previsão do Sindimadeira é de que os empresários voltarão a investir por dispor de matéria-prima. “Será possível pensar no futuro, aperfeiçoar a tecnologia de beneficiamento da madeira e buscar outros mercados. A conseqüência é o deslanche da economia e a geração de empregos em diversos setores”.
AUDIÊNCIA – O Ibama está convocando audiências públicas para os dias 17 e 24 de junho. O convite expedido por Nilva Baraúna, superintendente em Roraima, fala na criação da Reserva Extrativista Baixo Rio Branco-Jauaperi. Da área proposta, 250 mil hectares estão na região de Santa Maria do Boiaçu. De acordo com Daniel Gianluppi, presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, a atribuição de normas sobre esta área deve ser do Estado e não da União.
INTEGRAÇÃO – Ao destacar que o setor madeireiro foi pioneiro nas exportações a Venezuela, o presidente do Sindimadeira está confiante na eliminação da problemática na fronteira, enfrentada ao longo dos anos, a partir do intercâmbio estabelecido entre os governos de Roraima e de Bolívar, inclusive com acordos firmados na semana passada em Puerto Ordaz. “Agora existe a possibilidade real de se chegar a entendimentos que gerem dividendos comerciais com rapidez”.
(Por Ivo Galindo, Folha da Vista, 05/06/2006)
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