(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-06-06
Retirados dos rios da Amazônia sem critérios de preservação, peixes ornamentais são pouco valorizados por aqui, mas chegam a custar fortunas nos EUA e em países da Europa. MP quer coibir o contrabando

Alguns são minúsculos. Outros, grandes e agressivos. Em comum têm a beleza. No Brasil, eles valem pouco. Mas, nos Estados Unidos e Europa, para onde são levados, custam pequenas fortunas. Os peixes ornamentais da Amazônia, considerados exóticos pelos criadores internacionais, estão ganhando o mundo. No entanto, de forma ilegal. Estão sendo retirados dos rios sem qualquer critério de preservação.

A denúncia é do Ministério Público do Amazonas, que escolheu o Dia do Meio Ambiente, comemorado hoje, para cobrar uma atitude do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), que não tem representação nas cidades onde há captura de peixes ornamentais. Na semana passada, a promotora de defesa do Meio Ambiente, Sheila Dantas de Carvalho pediu ajuda ao Ministério Público Federal, em Brasília, para tentar conter o contrabando desses animais.

No ofício, a promotora solicita a instalação de pelo menos um posto de fiscalização no município amazonense de Barcelos. Dessa cidade, cerca de 20 milhões de peixes ornamentais são exportados todos os anos. O município, localizado na margem direita do Rio Negro, tem menos de 20 mil habitantes.

Segundo o secretário de Meio Ambiente de Barcelos, Hamilton de Nazaré Silva, os peixes saem do rio a preço de banana e são exportados a peso de ouro. Para se ter uma noção, mil cardinais (Paracheirodon axelrodi) valem R$ 15 em Barcelos. Nas lojas de animais dos Estados Unidos, um único exemplar dessa espécie é vendido por US$ 40.

Nas cidades próximas às margens do Rio Negro, a captura e comercialização de peixes para aquários começou na década de 50, quando o pesquisador Herbert Axelrod descobriu justamente a espécie cardinal. Em Barcelos, há cinco grandes empresas credenciadas para retirar peixes ornamentais do rio, mas outras dezenas de pequenas empresas clandestinas capturam sem qualquer critério toda espécie de peixes, inclusive piranhas, que valem US$ 500 em pet-shops da Europa.

Segundo o pesquisador Romeu Passos, do Museu Paraense Emílio Goeldi, os peixes da Amazônia são bem valorizados no exterior por conta da excentricidade da região. “A riqueza de espécies ornamentais deve-se a vários fatores: a dimensão espacial da bacia do Rio Negro, a variedade de condições ecológicas, além da conexão com outras bacias hidrográficas. Isso faz com que haja uma variedade muito grande de espécies ornamentais”, explica o pesquisador.

De acordo com a promotora Sheila, como não há qualquer ação eficaz da polícia ambiental e do Ibama na Bacia Amazônica, milhões de peixes ornamentais saem diariamente do rios Téa Mirim e Unueixi, afluentes do Rio Negro, no Amazonas. “Eles são capturados em grande escala por piabeiros, extratores de piaçava (fibra) e por pescadores esportistas de tucunaré”, sustenta a promotora na denúncia que chegou à 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, em Brasília.

A Polícia Federal já está investigando denúncia feita por 20 comunidades indígenas da Amazônia, segundo a qual pescadores bolivianos e colombianos estão capturando peixes ornamentais em rios brasileiros para exportação. Para aumentar a quantidade de peixes retirados dos rios, os pescadores internacionais tentaram aliciar índios das tribos Baré, Tucano, Tariana, Arapasso, Baniwa e Dessana. Os índios moram nas Comunidades Indígenas de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas.

Na Amazônia, o desenvolvimento dos peixes ornamentais ocorre principalmente nos igapós e igarapés da floresta, áreas total ou parcialmente inundadas. A melhor época para a captura é durante a vazante e seca dos rios. No período das cheias, eles se dispersam pelos igapós, procurando alimentos e assegurando a reprodução.

Na época das cheias, maio a julho, o Ibama proíbe a pesca e a comercialização do cardinal. A preocupação, neste caso, é assegurar a reprodução. Mas como não há fiscalização, as pescas ocorrem em todos os meses do ano. No total, cerca de 750 espécies de peixes são retiradas da bacia do Rio Negro, mas somente 100 delas são exploradas comercialmente. O cardinal tetra é a espécie mais importante e representa 80% do volume comercializado.

A atividade, em toda a região, resume-se à exploração, na natureza. Para a captura são utilizados instrumentos que não ameaçam essas pequenas criaturas e armadilhas passivas, chamadas cacurí, todos de origem indígena. Na Amazônia, o pescador de peixes ornamentais é chamado de “piabeiro”. Ele trabalha de dia e à noite, dependendo da espécie que procura. “Com um cardume localizado, são pacientemente conduzidos para o rapiché e retirados para o interior de cestas de palha forradas com saco plástico, com água do igarapé”, explica Hamilton de Nazaré, secretário de Meio Ambiente de Barcelos. Depois de capturados, os peixes são levados para um acampamento, onde são montados viveiros no próprio rio. Depois disso, são levados para Barcelos e, seguem uma viagem de 30 horas até Manaus. De lá, os peixem ganham o mundo.

A riqueza de espécies ornamentais deve-se a vários fatores: a dimensão espacial da bacia do Rio Negro, a variedade de condições ecológicas, além da conexão com outras bacias hidrográficas.
(Por Ullisses Campbell, Correio Braziliense, 05/06/2006)
http://www.correioweb.com.br/

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -