A transferência de um trecho do Conduto Forçado Álvaro Chaves da Rua
Marquês do Pombal para a Avenida Cristóvão Colombo solucionou um
problema e criou outro. No mês passado, pressionada por protestos de
moradores em defesa de 47 árvores da rua, a prefeitura da Capital
anunciou a migração da obra para a avenida próxima.
Inspirados no exemplo, agora são os comerciantes da Cristóvão Colombo
que se mobilizam com o objetivo de empurrar o conduto para outro lugar.
Temerosos de que a interrupção de um dos sentidos da via faça o
faturamento despencar, eles organizaram um abaixo-assinado, afixaram
adesivos (com os dizeres "Sim ao comércio na Cristóvão e não ao
conduto") e até compuseram um hino em favor da causa, calcado em uma
marchinha de Carnaval. O próximo passo, anunciado por alguns dos
participantes do movimento, é ganhar visibilidade por meio de
protestos.
A proteção do túnel verde da Marquês do Pombal transferiu a ligação
subterrânea para o trecho da Cristóvão Colombo situado entre as ruas
Dr. Timóteo e Coronel Bordini. A previsão da prefeitura é que as obras
no local comecem em setembro e provoquem a interrupção do tráfego no
sentido Centro-bairro durante dois meses. Segundo os comerciantes,
isso seria fatal para os negócios. Eles propõem a opção por uma rua
sem movimento comercial.
- Somos todos pequenos comerciantes aqui e dependemos do nosso negócio
para sobreviver. Com a obra, não sei se vai ser possível manter minha
funcionária. Temo até pela sobrevivência da loja - diz Paula Zardo
Oliva, proprietária de uma loja de roupas infantis.
Dono de uma livraria e loja de CDs, Edison Luis Freitas estima uma
queda de 50% no faturamento da região durante a obra.
- A obra dificultaria o fluxo e o estacionamento. Os clientes vão
encontrar valas, montes de terra, barro, máquinas, cavaletes, homens
trabalhando e trânsito caótico. Obviamente, vão procurar outro
caminho. Muitas (lojas) não têm estrutura para suportar sequer um mês
assim - afirma.
Proprietária de uma loja de lingerie, Rosane Raffainer pôs um adesivo
no estabelecimento e vem angariando adesões de clientes ao
abaixo-assinado. Amparada no exemplo dos moradores da Marquês do
Pombal, ela acredita que a mobilização possa dar resultado.
- Assim como alteraram lá (na Marquês de Pombal), podem alterar aqui
também. Para conseguir isso, estamos nos unindo e pensando em
passeatas - diz.
(
Zero Hora , 04/06/2006)