A falta de chuva que atinge o Estado vem tornando comum uma atração de
Quinze de Novembro, na Região Central, que de tão rara deve ganhar um
museu para contar sua história.
As ruínas da localidade de Passo do Lagoão, submersa pelo maior lago
artificial do Estado, o do Passo Real, voltaram a ser vistas devido à
redução de nove metros no nível da barragem. Antes, só em 1997 e 2005
o vilarejo pôde ser visualizado com tamanha clareza. Com a construção
da barragem para a Usina do Passo Real, em Salto do Jacuí, em 1972,
24 mil hectares ficaram submersos, incluindo Passo do Lagoão.
O povoado ficava ao lado do Rio Jacuí Mirim, entre Quinze de Novembro
e Cruz Alta, e tinha cerca de 200 habitantes. Passo do Lagoão, dizem
os antigos moradores, era próspero e contava até com hospital.
- Dá muita saudade daquele tempo quando venho aqui. Era um lugar muito
bonito, com muitas árvores e o rio ao fundo. Tinha um comércio forte -
lembra o pecuarista Leomar Meinen, 66 anos.
Hoje, o que se vê são os alicerces das casas e do bolicho, um chafariz
e a caixa de água, de seis metros de altura. A ponte sobre o Jacuí
Mirim, que ligava Passo do Lagoão à localidade de Santa Clara, também
inundada em 1972, também pode ser vista.
Meinen é um dos poucos antigos moradores que permaneceram próximo à
área alagada. Com dois de seus filhos, ele administra o Hotel Lazer
Águas da Fonte, banhado pelo Lago do Passo Real. Com o lago cheio, o
local é visitado por banhistas e competidores de lancha e jet ski.
Para se utilizar da história do local e incrementar o turismo no hotel,
Meinen pensa em utilizar elementos das ruínas, como tijolos e raízes
de árvores, para montar um museu.
- Quem visita o local pergunta sobre o vilarejo submerso. Agora que
está seco, muitos vêm aqui para conhecer as ruínas do que poderia hoje
ser uma cidade - explica Paulo, 43 anos, filho de Meinen.
(Pietro Rubin,
Zero Hora , 03/06/2006)