Hoje (05/06) temos uma data que deveria ficar registrada
para sempre nos arquivos e memórias deste planeta. O
dia em que todas as formas de vida que habitam a Terra
decidiram, pela primeira vez, que 5 de junho – Dia
Mundial do Meio Ambiente – será lembrado nos 365 dias
do calendário global. Que este não será apenas mais um
dia, e sim um meio de deixarmos de ser apenas "homens"
para voltarmos a ser "humanos".
Água, terra, ar, mar, alimento, bens de consumo,
riqueza, educação, saúde, serviços ambientais e
relações que foram se fragmentando, ao longo dos tempos,
no seu mais amplo sentido. Desconexão e distanciamento,
de nós mesmos e da natureza, provocados pela vida
limitada, fragilizada, pressionada, competitiva, que o
próprio desenvolvimento nos impõe. Uma guerra criada
para identificar até onde vão os limites da Terra, um
desenvolvimento que queremos chamar de sustentável
quando a própria insustentabilidade pode estar em nós
mesmos.
Ser humano. Um ser único e singular, que de ser
biológico pode ser sujeito, livre, autônomo e
responsável, com uma variedade de dons, talentos,
habilidades, vocações que se completam e que interagem
entre si, produzindo uma unidade, uma humanidade, com
todas as ferramentas disponíveis para gerir esse
planeta. Uma casa que, daqui a cinqüenta anos, poderá
ter cerca de nove bilhões de pessoas.
Um lugar que precisará de todos os avanços conquistados
pelas empresas do novo século, aquelas que se preocupam
com o acesso e uso adequado de seu capital, com o
relacionamento de seus colaboradores, que impactos
ambientais e sociais produzem, o que fazem para
preveni-los ou minimizá-los, que praticam meio ambiente
com segurança do trabalho, saúde e qualidade num sistema
de gerenciamento integrado.
Essas empresas vão precisar de consumidores como os
identificados pelo IBCR - Instituto Brasileiro de
Relações com o Cliente. Segundo pesquisa realizada em
dezembro de 2003 –"O que é mais importante para que
uma empresa respeite o consumidor? – ressalta a
Responsabilidade Social de uma empresa (17%) como mais
significativa do que o preço do produto (9%); de
Organizações Não Governamentais (ONG), movimentos
ambientalistas, pesquisadores, cientistas e governantes
que, num grande esforço de trabalho em rede, conseguiram
diminuir em 71% o desmatamento da Mata Atlântica, de
2000 a 2005, frente ao período anterior 1995 a 2000, de
acordo com dados preliminares do mapeamento, realizado
pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e
lançado no evento Viva a Mata, no Parque do Ibirapuera
em 26 a 28 de maio. Grandes capitais estão localizadas
nos estados que registraram, entre 2000 e 2005, uma
redução do desmatamento em 80%: ES, PR, SP, RJ e RS.
Segundo a pesquisa "O que o Brasileiro pensa do Meio
Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável" desenvolvida
pelo ISER – Instituto de Estudos da Religião –
conjuntamente com o Ministério do Meio Ambiente e
Ministério da Ciência e Tecnologia (2001), 51% da
população prefere menos poluição à geração de empregos.
Mesmo sendo este um grande tema de preocupação
nacional, o País precisará do esforço individual de
cada brasileiro que, em 2001, já fazia parte desta
estatística.
A mesma pesquisa identificou que os brasileiros querem
mais informações sobre o meio ambiente (somente 2% se
consideraram bem informados). Mas será somente aquela
informação lembrada no Dia Mundial do Meio Ambiente ou
outra meramente informativa?
O que se busca é algo que, acima de tudo, provoque uma
mudança interna. É preciso ir bem lá no fundo,
reconstruindo valores e formas de ação. Não basta
conectar os fragmentos da natureza, mas sim conectar
as pessoas. Criando conexões abrimos um enorme horizonte
de possibilidades para a conservação e desta para a
sustentabilidade.
* Andrée de Ridder Vieira é coordenadora geral do
Instituto Supereco
(
Gazeta Mercantil , 05/06/2006)