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2006-06-05
As ações de combate ao mexilhão dourado - molusco de água doce trazido acidentalmente por navios ao Brasil e que se alastrou drasticamente pelos reservatórios da hidrelétrica de Itaipu (PR) - começam a apresentar os primeiros resultados positivos. Pesquisadores da usina de Foz de Iguaçu constataram uma redução nos níveis de reprodução de larvas da praga, que provoca o entupimento de encanamentos e traz danos aos equipamentos da maior hidrelétrica do País.

Segundo comunicado enviado sexta-feira pela assessoria de imprensa da usina, com exceção do último mês de abril, desde agosto de 2005 até maio deste ano, o volume mensal de larvas do molusco vem apresentando retração em relação ao mesmo período de anos anteriores. Em abril, a reprodução do mexilhão ficou acima da média mensal devido às condições favoráveis da temperatura da água do Lago de Itaipu.

No entanto, de acordo com os pesquisadores, apesar dos dados positivos, ainda não é possível afirmar se houve estabilização da população do molusco. Estudos mais profundos sobre o controle da praga só devem ser concluídos daqui cerca de dois anos. Enquanto isso, os técnicos da hidrelétrica pretendem continuar o trabalho de monitoramento da presença de larvas e adultos do mexilhão nas unidades geradoras.

O mexilhão dourado ( Limnoperna fortunei ) invadiu a América do Sul pela bacia do Prata, por meio do rio da Prata (Argentina), em 1991. Ele é oriundo de rios e arroios da China e sudoeste da Ásia. Na usina de Itaipu, o molusco foi encontrado pela primeira vez em 2001. O comunicado divulgado pela assessoria da usina não informou o tamanho do prejuízo causado pela presença do molusco nas instalações da hidrelétrica. Porém, sabe-se que houve elevação de gastos por parte de Itaipu a partir da proliferação do mexilhão, já que foi necessária uma maior quantidade de homens/hora utilizados nos serviços de manutenção dos equipamentos e instalações da hidrelétrica, que tem capacidade para gerar 12.600 MW e é responsável por 25% do consumo de energia do Brasil.

Além do trabalho de técnicos de Itaipu, a diminuição na reprodução de larvas deve-se a fatores ambientais, como temperatura da água e redução na disponibilidade de alimento, e, também, à ação de seus predadores - os peixes das espécies armados, piaparas, piavas e piaus. Além de remover mecanicamente os moluscos, a Itaipu pesquisa vários métodos de controle do parasita, como o aumento da vazão em encanamentos, o controle por meio de injeções de hipoclorito em baixas concentrações, tintas anti-incrustantes e aplicação do gás ozônio.
(Denis Cardoso, Gazeta Mercantil , 05/06/2006

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