As ações de combate ao mexilhão dourado - molusco de
água doce trazido acidentalmente por navios ao Brasil e
que se alastrou drasticamente pelos reservatórios da
hidrelétrica de Itaipu (PR) - começam a apresentar os
primeiros resultados positivos. Pesquisadores da usina
de Foz de Iguaçu constataram uma redução nos níveis de
reprodução de larvas da praga, que provoca o
entupimento de encanamentos e traz danos aos
equipamentos da maior hidrelétrica do País.
Segundo comunicado enviado sexta-feira pela assessoria
de imprensa da usina, com exceção do último mês de
abril, desde agosto de 2005 até maio deste ano, o
volume mensal de larvas do molusco vem apresentando
retração em relação ao mesmo período de anos
anteriores. Em abril, a reprodução do mexilhão ficou
acima da média mensal devido às condições favoráveis
da temperatura da água do Lago de Itaipu.
No entanto, de acordo com os pesquisadores, apesar dos
dados positivos, ainda não é possível afirmar se houve
estabilização da população do molusco. Estudos mais
profundos sobre o controle da praga só devem ser
concluídos daqui cerca de dois anos. Enquanto isso, os
técnicos da hidrelétrica pretendem continuar o trabalho
de monitoramento da presença de larvas e adultos do
mexilhão nas unidades geradoras.
O mexilhão dourado (
Limnoperna fortunei ) invadiu a
América do Sul pela bacia do Prata, por meio do rio da
Prata (Argentina), em 1991. Ele é oriundo de rios e
arroios da China e sudoeste da Ásia. Na usina de Itaipu,
o molusco foi encontrado pela primeira vez em 2001. O
comunicado divulgado pela assessoria da usina não
informou o tamanho do prejuízo causado pela presença do
molusco nas instalações da hidrelétrica. Porém, sabe-se
que houve elevação de gastos por parte de Itaipu a
partir da proliferação do mexilhão, já que foi
necessária uma maior quantidade de homens/hora
utilizados nos serviços de manutenção dos equipamentos
e instalações da hidrelétrica, que tem capacidade para
gerar 12.600 MW e é responsável por 25% do consumo de
energia do Brasil.
Além do trabalho de técnicos de Itaipu, a diminuição na
reprodução de larvas deve-se a fatores ambientais,
como temperatura da água e redução na disponibilidade
de alimento, e, também, à ação de seus predadores - os
peixes das espécies armados, piaparas, piavas e piaus.
Além de remover mecanicamente os moluscos, a Itaipu
pesquisa vários métodos de controle do parasita, como o
aumento da vazão em encanamentos, o controle por meio
de injeções de hipoclorito em baixas concentrações,
tintas anti-incrustantes e aplicação do gás ozônio.
(Denis Cardoso,
Gazeta Mercantil , 05/06/2006