A Petrobras se tornou uma das grandes parceiras do
Sipam e agora quer expandir as fronteiras de seus
negócios na Amazônia e levar a reboque o sistema de
proteção. O Piatam, um dos mais arrojados projetos da
companhia petrolífera, lançou mão dos recursos e do
potencial local para integrar-se de vez a região. Os
resultados foram surpreendentes e altamente
satisfatórios, segundo a gerência do projeto.
Os estudos de impacto ambiental desenvolvidos
previamente ao longo do poliduto de 256 quilômetros,
ligando Urucu a Coari, e do gasoduto de Coari a Manaus,
com mais 390 quilômetros, foram feitos por uma equipe
de cientistas da Universidade Federal do Amazonas
(Ufam). Segundo o professor Alexandre Rivas, isto
proporcionou um maior conhecimento das condições
sócio-ambientais da região. "Teremos uma série de
fatores para prevenir um acidente e até para recuperar
o ambiente natural em caso de derramamento", diz.
Com investimentos de aproximadamente R$ 15 milhões ao
longo dos quatro primeiros ciclos, o Piatam é hoje
conveniado ao Sipam para o uso das instalações, base
de dados e apoio das aeronaves da Embraer dotadas de
radar e de imagiadores remotos. E a Atech auxilia com a
integração consolidando o banco de informações.
Segundo o geólogo e coordenador de comunicação do
Piatam, Edson Cunha, o projeto nasceu com a missão de
gerar informações de qualidade para a gestão ambiental
e estimular o desenvolvimento sustentável das
comunidades ribeirinhas. Assim são promovidas excursões
científicas periódicas ao longo de mais de 400
quilômetros do rio Solimões, entre Manaus e Coari, onde
acontece a exploração, produção e transporte de
petróleo e gás vindos de Urucu. "Há mais de 200
pesquisadores envolvidos", ressalta.
Edson Cunha, que é mestre pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) em sensoriamento remoto,
acredita que a tendência desta parceria com Sipam e
universidade é avançar para além das fronteiras
brasileiras. "Pode e deve replicar essa tecnologia para
os Países panamazônicos, inclusive estamos em
entendimentos com nossos núcleos sediados no Equador e
Peru", explica.
A intenção da Petrobras, via Piatam, é criar o seu
Centro de Excelência Ambiental na Amazônia, tendo um
segmento especializado em floresta tropical úmida.
Segundo o pesquisador, um dos objetivos é liderar
mundialmente a produção e difusão de conhecimentos sobre
meio ambiente e desenvolvimento sustentável na
Amazônia. "Isto sem excluir os demais cenários de
florestas tropicais úmidas", revela Cunha.
Toda produção científica será partilhada com
universidades da região e inexistem impedimentos que
levem esse conhecimento para além das fronteiras da
Amazônia brasileira. Nesta prospecção chegou-se a
encontrar um sítio arqueológico milenar. "Temos de
difundir o trabalho, buscamos essa integração regional
nas áreas de comunicação, ciência e tecnológica",
destaca.
(Julio Ottoboni,
Gazeta Mercantil , 05/06/2006)