O Maranhão vai recuperar pela primeira vez um rio
degradado. Ele não é um rio qualquer. É a bacia
hidrográfica do Itapecuru, a maior do Estado,
responsável por 60% do abastecimento de água. A
recuperação prevê o replantio da mata ciliar,
repovoamento de peixes e ações de educação ambiental
para a população ribeirinha. A ação vai custar R$ 230
mil, investimento dos poderes públicos estadual e
municipal com apoio da iniciativa privada que elegeram
o "Dia do Meio Ambiente" para lançar hoje (5 de junho)
o projeto piloto de recuperação do rio, no município de
Codó, (290 quilômetros de São Luís).
De acordo com o projeto, vão ser plantadas 7 mil mudas
de árvores ao longo de seis hectares (sendo três
hectares em cada margem do rio), no município de Codó,
cuja prefeitura entrou com uma contrapartida de R$ 40
mil para financiar a recuperação da mata ciliar. O
Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar) doou 2,3 mil
mudas, das 7 mil. Para a recuperar a mata ciliar, vão
ser utilizadas espécies nativas como ipês, andirobas e
sabias, além de frutíferas (jaqueiras, tamarineiros e
cajueiros).
Cerca de R$ 150 mil, dos R$ 230 mil, vão ser investidos
na instalação de um laboratório para produzir peixes -
envolvendo as etapas de desova, alevinos e engorda.
Quando atingirem 200 a 300 gramas, vão ser lançados para
repovoar o rio.
As espécies a serem produzidas no laboratório são
Curimbatá, Piau e Surubim, que eram encontradas em
grande quantidade no rio antes do assoreamento. "É um
projeto barato que vai repovoar o rio Itapecuru",
avalia o secretário de Agricultura, Pecuária e
Desenvolvimento Rural, José de Jesus Sousa Lemos,
ressaltando que o repovoamento do Itapecuru vai
permitir o retorno da atividade pesqueira. A
expectativa é que até novembro, já seja possível pescar
peixes.
Com uma extensão total de 1.090 quilômetros, o Itapecuru
é a maior bacia hidrográfica do Estado e alcança uma
população de 944.716 habitantes, de acordo com dados de
2005 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(Ibge). Desse total, cerca de 180 mil famílias de
agricultores moram às margens do rio Itapecuru, que
ocupa a segunda maior área territorial, com 54,3 mil
quilômetros quadrados. Nela predomina o bioma cerrado,
que conta com apenas 29% da vegetação nativa, 500 mil
hectares de áreas sem vegetação, 900 quilômetros de
cursos de água desprotegidos e 40% do território
suscetível à erosão.
(Franci Monteles,
Gazeta Mercantil , 05/06/2006