O Brasil comemora o Dia Internacional do Meio Ambiente
com muitas conquistas. Nessa nova realidade, a política
ambiental deixa os gabinetes e caminha pelo país, com
a chamada Agenda 21, para mudar o próprio modelo de
desenvolvimento econômico. "A Agenda 21 reúne o conjunto
mais amplo de premissas e recomendações para que as
nações alterem seu vetor de desenvolvimento em favor de
modelos sustentáveis", analisa Marina Silva, ministra
do Meio Ambiente.
Trata-se de um plano de ação para ser adotado, de forma
global, nacional e local, por organizações do sistema
das Nações Unidas, governos e sociedade civil, em todas
as áreas em que a ação humana tenha impacto sobre o
meio ambiente. E representa a mais abrangente
tentativa já realizada de orientar o século XXI para um
novo padrão de desenvolvimento, cujo alicerce é a
sinergia da sustentabilidade ambiental, social e
econômica.
Contendo 40 capítulos, a Agenda 21 Global foi
construída, de forma consensual, com a contribuição de
governos e instituições da sociedade civil de 179
países, em um processo que durou dois anos e culminou
com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em
1992, também conhecida por Rio 92.
Além da Agenda 21, resultaram desse mesmo processo
quatro outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração
de Princípios sobre o Uso das Florestas, a Convenção
sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre
Mudanças Climáticas. O programa de implementação da
Agenda 21 e os compromissos com a carta de princípios
do Rio foram fortemente reafirmados durante a Cúpula
de Joanesburgo, ou Rio + 10, em 2002.
A Agenda 21 traduz em ações o conceito de
desenvolvimento sustentável. Foi aprovada durante a
Rio 92, quando a comunidade internacional assumiu
compromissos com a mudança da matriz de desenvolvimento
no século XXI. O termo "agenda" tem o sentido de busca
de mudanças para um modelo de civilização em que
predomine o equilíbrio ambiental e a justiça social
entre as nações.
Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de
planejamento participativo que resulta na análise da
situação atual de um país, estado, município, região ou
setor, e planeja o futuro de forma sustentável. Esse
processo procura envolver toda a sociedade na discussão
dos principais problemas e na formação de parcerias e
compromissos para a sua solução a curto, médio e longo
prazos.
A análise do cenário atual e o encaminhamento das
propostas para o futuro devem ser realizados dentro de
uma abordagem integrada das dimensões econômica,
social, ambiental e político-institucional da
localidade. Em outras palavras, o esforço de planejar o
futuro, com base nos princípios da Agenda 21, gera
inserção social e oportunidades para que as sociedades
e os governos possam definir prioridades nas políticas
públicas.
É importante destacar que a Rio 92 foi orientada para o
desenvolvimento, e que a Agenda 21 é uma proposta de
desenvolvimento sustentável, onde o meio ambiente é uma
consideração de primeira ordem.
O enfoque desse processo de planejamento, apresentado
com o nome de Agenda 21, não é restrito às questões
ligadas à preservação e conservação da natureza, mas
sim a uma proposta que rompe com o desenvolvimento
dominante, onde predomina o econômico, dando lugar à
sustentabilidade ampliada, que une a agenda ambiental e
a agenda social. O objetivo é enfrentar a degradação
do meio ambiente juntamente com o problema mundial da
pobreza.
Gazeta Mercantil , 05/06/2006