Estudo mostra que usina de Belo Monte geraria menos energia que o previsto, afirma procurador
2006-06-05
Estudos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicam que a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, se construída, não produziria nem a metade da energia elétrica prevista pela Eletronorte. A afirmação é do procurador federal do Pará Felício Pontes. A usina, no Rio Xingu, terá 11.182 megawatts de potência instalada, segundo página do projeto na internet.
Em entrevista à Agência Brasil na semana passada, Pontes também afirmou que o decreto que autoriza o licenciamento ambiental da barragem é ilegal porque foi feito sem ouvir a comunidade que será afetada por ela. "Em menos de 15 dias foi votado nas duas casas [a Câmara dos Deputados e o Senado] , sem ouvir as comunidades indígenas. Uma coisa que o Ministério Público acha muito estranha é por que esse medo. Por que não discutir com a sociedade esse projeto?", questionou Pontes.
O licenciamento ambiental para construção de Belo Monte foi suspenso pela terceira vez em 25 de maio. O licenciamento é objeto de disputa judicial desde 2001.
O procurador Pontes também afirmou que índios da região estão muito preocupados com a construção da usina porque teriam que deixar suas terras. "Nesse caso há direitos indígenas envolvidos", comentou. "Nós podemos fazer com que, numa falha dessas, haja remoção de povos indígenas e em todas as vezes que ocorreu remoção de povos indígenas no Brasil o resultado foi trágico. Em algumas delas nós tivemos a morte de cerca de 50% da etnia."
A Eletrobrás, que controla a Eletronorte, informou, por meio da assessoria de imprensa, que seu departamento jurídico está analisando a questão.
Por Roberta Lopes, Agência Brasil, 03/06/2006
http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=25016