Ecologia e Bolívia incentivam represa na Amazônia, diz "Economist"
2006-06-02
A revista britânica The Economist traz reportagem na edição desta semana sobre o projeto de represamento do rio Madeira, no Estado de Rondônia.
De acordo com a publicação, aqueles no Brasil que defendem o represamento do rio "estão tentando transformar a tradicional briga entre crescimento e preservação ambiental em um casamento".
Segundo a Economist, o projeto de R$ 20 bilhões que geraria a terceira maior produtora hidrelétrica do Brasil é "modesto", pois conta com uma represa de apenas 15 metros, "um anão se comparado com os 196 metros de Itaipu". Além disso, o projeto prevê investimentos em conservação ambiental, "em uma área notória pelo desmatamento e que já foi aberta ao desenvolvimento pela auto-estrada federal BR-364".
A revista comenta que estes argumentos estão convertendo alguns, como o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID), que "está entusiasmado em prestar financiamento ao projeto e consultoria sobre como reduzir os danos ao meio ambiente". De acordo com a revista, a recente nacionalização de gás na Bolívia traz mais urgência ao projeto, uma vez que ele se encontra relativamente próximo à fronteira brasileira-boliviana.
Mas a Economist lembra que os críticos da represa argumentam que o represamento irá ocupar uma área que abriga 800 espécies de pássaros e 750 tipos de peixes e que represamento afetará 2,8 mil pessoas e obrigará 850 a abandonar suas casas, que moram em regiões que serão inundadas.
Desigualdade no Peru
O jornal espanhol El País afirma que ainda que a deputada mais votada no Peru, Keiko Sofia Fujimori, seja uma mulher e que a candidata Lourdes Flores tenha sido a terceira colocada na disputa presidencial, as mulheres sofrem um tratamento desigual no Peru.
Segundo o jornal, a percepção da desigualdade fez com que Alan García, o candidato que está liderando as pesquisas de opinião para a eleição presidencial deste domingo, tenha prometido que se eleito irá formar um governo com o mesmo número de homens e mulheres.
O diário cita dados da ONU segundo os quais a taxa de analfabetismo das peruanas é bem superior à dos homens. Em zonas de população de maioria indígena, relata o jornal, o percentual pode chegar a 70%.
O jornal conta ainda que seis em cada dez casos de gravidez de meninas entre 11 anos e 14 anos são resultado de estupros ou de incesto.
O jornal The Guardian afirma que o pleito peruano será uma "eleição de volta para o futuro" que poderá "reconduzir ao poder um ex-presidente impopular", em referência a Alan García.
De acordo com o jornal, "para muitos na nação andina, a causa disso não é uma maior impopularidade de Ollanta Humala, mas sim a sombra do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que provocou indignação no país".
O diário afirma que García "tem uma reputação lamentável no Peru, devido ao legado de sua má administração, que o deixou com uma impopularidade de 61%". Mas o jornal acrescenta que "por outro lado, Ollanta Humala representa um salto no escuro".
da BBC, em Londres, 02/06/2006
http://noticias.uol.com.br/bbc/2006/06/02/ult2363u6775.jhtm