Produção orgânica no Rio de Janeiro cresce com incentivos
2006-06-02
No Estado do Rio, cada vez mais a produção orgânica, sem o uso de agrotóxicos,
vem ganhando espaço. Em São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana, o
pólo de produção orgânica de alimentos, como chuchu, alho, vagem, pimentão,
brócolis e pepino, entre outros, cresce com investimentos. Só na região, mais
de 60 produtores de olerícolas e frutas vivem dessa forma saudável de cultivo.
Para o secretário de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do
Interior, Alberto Mofati, o volume de investimentos em financiamentos diretos à
produção agrícola no estado é um dos fatores responsáveis pelo crescimento
desse setor.
- O estoque de operações de crédito no Banco do Brasil cresceu 900%, saindo de
R$ 18 milhões em 1999 para R$ 180 milhões neste ano - contabiliza.
Mofati lembra que o governo do estado também conta com uma programa específico,
o Cultivar Orgânico, para o financiamento à produção. O programa oferece, entre
outras vantagens, crédito a juros de 2% ao ano.
Hélio Muniz Cardoso, de 58 anos, é um exemplo de produtor bem-sucedido. Na
atividade há mais de 10 anos, acorda todos os dias (de domingo a domingo) às 7h,
segue diretamente para a roça, onde trabalha com a mulher, Emília, 56, e a
filha, Hélida, 17, e só retorna no fim da tarde. Sua propriedade fica em
Serranova, 3º distrito de Nova Friburgo, onde mais 48 famílias vivem da
atividade rural.
- Planto em três hectares vagem, tomate e couve-flor. Tiro meu sustento daqui e,
além disso, emprego a minha família - afirma.
Muniz pretende ampliar o número de culturas nos próximos meses com beterraba e
ervilha. O produtor é um dos que conseguiram reduzir o uso de agrotóxico na
lavoura.
- Há algum tempo comecei a usar vários produtos. Percebi que os efeitos do
produto não eram satisfatórios e me convenci de que a melhor forma de atacar as
pragas era reduzindo o uso desses fertilizantes, que estavam prejudicando ainda
mais a lavoura - conta.
Toda a sua colheita é vendida para as Centrais de Abastecimento do Estado do Rio
(Ceasa). De vagem são 20 caixas/dia, com 16 quilos. Mas o produtor lembra que
já chegou a colher 100 caixas/dia.
- Este ano já foram 2,8 mil caixas, com o preço médio de R$11 - diz o produtor,
que também é presidente da Associação de Produtores de Serranova.
O pequeno produtor rural Josias de Souza, de 44 anos, ajuda a fomentar ainda
mais a produção de couve-flor em Nova Friburgo. Sua propriedade em Serra Velha
tem 24 hectares, seis deles dedicados às culturas de olerícolas. Além da
couve-flor, ainda planta tomate, pimentão e beterraba. Os trabalhos envolvem
toda a família, sua mulher e mais três filhos.
- Temos buscado, cada vez mais, nos aprimorar e nos organizar. Presido a
associação de produtores daqui e sei das necessidades de cada agricultor. Se
não nos unirmos, não teremos força. E a união tem que começar em casa, pela
própria família - explica Josias.
Em seu sítio são colhidas diariamente duas mil couves. Tudo é vendido no Ceasa
e o excedente vai para a própria região. Além dos investimentos diretos na
lavoura, o agricultor mantém em sua propriedade quatro estufas, de 40 metros
por seis metros de largura, com capacidade para 180 mil mudas. Com a ajuda de
sua mulher, Marilza Coelho Raposo, de 47 anos, consegue vender em média um
milhão de mudas por ano. São mudas de tomate, couve-flor e repolho, compradas
por agricultores das proximidades e até de outras localidades mais distantes da
região.
Segundo o secretário executivo do Programa Nacional de Agricultura Familiar
(Pronaf) no Estado do Rio, Sebastião Rezende, a olericultura é uma atividade
característica da economia familiar. No Estado do Rio, 90% das 63 mil
propriedades rurais têm áreas com menos de 100 hectares.
Dados da Superintendência Estadual do Banco do Brasil mostram que, na safra
passada, 90% das operações de crédito rural no estado foram contratados por
agricultores enquadrados no Pronaf.
- Os produtores familiares fluminenses que contratam o financiamento do Pronaf
têm a vantagem de também contar com o seguro de preço, oferecido pelo Sistema
Moeda Verde, do governo do estado. Isso tem sido um fator de grande incentivo
para a tomada de crédito. É uma segurança para o produtor - afirma Sebastião
Rezende.
Informações do Governo do Rio de Janeiro, 01/06/2006.
http://www.imprensa.rj.gov.br/SCSSiteImprensa/detalhe_noticia.asp?ident=32604