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2006-06-01
Depois de três anos de disputa judicial, a Copel finalmente é a sócia majoritária da termelétrica a gás UEG, instalada em Araucária. A primeira providência deve ser a de adequar a estrutura para funcionar à base de HBio, nova qualidade de biodiesel que a Petrobrás produzirá a partir de junho. A informação foi dada pela ministra-chefe da Casa Civil e ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, que participou da solenidade que sacramentou o negócio entre a Copel e a empresa norte-americana El Paso. A companhia paranaense passa a deter 80% das ações na elétrica, e a Petrobrás mantém sua parte de 20%.

Esta e outras adaptações exigirão o investimento de mais R$ 50 milhões. A Copel já desembolsou R$ 416 milhões com a aquisição, R$ 140 milhões em aportes no negócio e R$ 75 milhões na compra de energia inexistente. O início da geração de energia é previsto para o fim de 2008.

Apesar de o gás ser a opção mais rápida e barata para gerar energia, a usina precisa estar pronta para operar num “plano B”, o que inclui a adaptação para o HBio e o diesel. A transformação da UEG em usina “tricombustível” foi classificada pela ministra Dilma Roussef como imprescindível. “Ela elimina riscos como os que vieram recentemente da Bolívia”, explicou. Os eventos dos últimos dois meses mostram a necessidade da flexibilização da fonte de energia. Primeiro, a danificação de parte do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), após uma forte chuva, no início de abril, que trouxe o risco de desabastecimento. Em seguida, a crise provocada pela nacionalização do petróleo e do gás do subsolo boliviano, uma bandeira eleitoral que o presidente Evo Morales cumpriu no último 1º de maio.

Maior fornecedor de gás para o Brasil, a Bolívia vende para a Petrobrás 25 milhões de metros cúbicos por dia. A possibilidade de aumento no preço do produto fez a estatal acelerar os investimentos na extração de gás em território nacional e buscar outras alternativas.

Além desses incidentes, a matriz energética brasileira mostrou sinais de esgotamento quando o país enfrentou uma crise de abastecimento, em 2002. Se estivesse pronta para operar na época, a termelétrica de Araucária poderia ter sido acionada para minimizar os efeitos do racionamento. Quando entrar em operação, a UEG produzirá energia suficiente para abastecer 1,5 milhão de pessoas. “A Região Sul terá energia estratégica para sua segurança, e ela poderá atender também o Sudeste”, declarou a ministra Dilma Roussef, logo após a assinatura da transferência das ações.

“Será uma energia complementar, mas muito necessária na medida em que o Gasbol dá sinais de operar no limite”, avalia o diretor de geração e transmissão da Copel, Raul Munhoz Neto, que apresentou a situação técnica da usina durante a solenidade na sede da empresa, que teve a presença do governador Roberto Requião e de representantes da El Paso, que não se manifestaram, nem atenderam a imprensa.
Por Helena Carnieri, Gazeta do Povo, 31/05/2006.
http://canais.ondarpc.com.br/gazetadopovo/economia/conteudo.phtml?id=568515

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