Agricultura familiar é prioridade na cadeia do biodiesel
2006-06-01
O fornecimento de matérias-primas, a viabilidade econômica, os meios
de produção, o mercado de distribuição e a inclusão social de pequenos
agricultores estão entre os assuntos em discussão no evento Biodiesel
BR 2006 – Novas Perspectivas, que começou hoje no Centro de Eventos
do Pantanal, em Cuiabá, e segue até sexta-feira, 02 de junho.
De acordo com Adnauer Tarquínio Daltro, secretário-adjunto da Secitec
“o governo estadual tem interesse neste setor energético e através da
Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia criou em 2003 o Programa
de Biodiesel de Mato Grosso (PROBIOMAT) que integra as intenções do
Programa Nacional”.
Adnauer lembrou que Mato Grosso é pioneiro na elaboração e execução de
experimentos de pesquisa em biodiesel com vários projetos em
andamento, com apoio da Financiadora de Pesquisas e Projetos (FINEP) e
da Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT).
“São projetos que contam com a participação do governo estadual,
consórcio de municípios, a Universidade Federal de Mato Grosso, a
Universidade do Estado de Mato Grosso e os pequenos agricultores,
estes, beneficiados com a inclusão social e econômica”, disse Adnauer.
Aliás, esta é a principal preocupação do Programa do Biodiesel, em
garantir cotas de participação aos pequenos produtores e fornecedores
de matéria-prima.
“Esta é uma preocupação que está inserida no conteúdo do programa de
Mato Grosso e também do programa nacional. Foram estabelecidas cotas
de participação que podem ser variáveis nos estados e que asseguram
volumes de compras destes agricultores de perfil familiar”, informa
Evandro Dall oglio, professor do Departamento de Química e pesquisador
da UFMT.
Conforme observa Dalloglio, esta medida poderá garantir que não haja o
que houve com a cadeia do álcool em que a produção está restrita aos
usineiros. Em Mato Grosso, por exemplo, a cota prevista e estabelecida
em Lei para os pequenos produtores é de pelo menos 15%.
Mercado potencial e com demanda
Marlon Arraes Jardim Leal, representante do Departamento de
Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, abriu o
ciclo de palestras destacando as ações do Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel. “Temos grande potencial e demanda para produzirmos
o biodiesel que é uma matriz energética renovável, exemplo e modelo
para o mundo”, destacou Leal.
Ao passar alguns números sobre a atual realidade desta cadeia produtiva
em formação, o palestrante reconheceu a importância que foi o Governo
Federal ter antecipado as ações para o setor do biodiesel. “Se não
fosse este regime autorizativo as usinas estariam aquém da capacidade
de produção, haveria a falta de atrativos para se investir no setor e
a dificuldade para atrair investimentos, mas tudo isto mudou em função
desta antecipação e que a partir de 2008 já teremos 2% de mistura de
biodiesel ao óleo diesel”.
Atualmente 15 Estados estão com projetos de investimentos em usinas de
biodiesel representando uma capacidade de produção em torno de 1.8
bilhão de litros por ano. Nesta primeira fase do programa a projeção
de consumo do B-2 será de 800 milhões de litros, portanto, com reserva
de produção estimada em 1 bilhão de litros.
Leal lembrou que Mato Grosso está na frente nesta corrida quanto à
organização da cadeia produtiva e potencial de produção. “Mato Grosso
vai produzir algo em torno de 23 milhões de litros este ano e para
2007 esta capacidade está projetada para alcançar os 120 milhões de
litros”.
Existem no Estado pelo menos duas usinas com capacidade de produzir
cada uma 57 milhões de litros, uma está em Barra do Bugres e a outra
em Lucas do Rio Verde, regiões tradicionais na produção da soja que
será a principal matéria-prima para o biodiesel nacional.
H-BIO da Petrobras
Também na apresentação do palestrante houve a explicação do uso que
foi iniciado pela Petrobras da tecnologia do H-Bio que é um insumo que
não vai concorrer com o biodiesel. Conforme explicou Leal, o H-BIO é um
processo de hidrogenação (refino) entre a mistura do diesel com o óleo
vegetal.
Na interpretação do professor Evandro Dall’oglio, o H-BIO não vai
afetar em nada o mercado dos fornecedores de matérias-primas para o
biodiesel, pelo contrário, a Petrobras já deveria ter feito isto muito
antes. Segundo informou Alexandre Golemo, coordenador de projetos e
pesquisas da Fapemat, o Estado tem feito importantes investimentos em
pesquisa, experimentações e testes de campo, antecipando estudos e
análises com o biocombustível B-20 (20% de mistura de biodiesel). “Em
parceria com a Finep captamos R$ 400 mil em recursos para pesquisas,
com esta maior concentração de biodiesel, no qual estamos fazendo
caracterização, estudo de emissões de gases e opacidade, testes de
desempenho mecânico e de motorização e testes de campo”.
Conforme considerou Golemo, Mato Grosso se orgulha em estar antecipando
ações neste setor e por ter uma das maiores reservas agrícolas para a
produção de grãos. Por exemplo, para os 800 milhões de litros de B-2,
segundo cálculos do Ministério de Minas e Energia, necessário haver
1,4 bilhão de hectares de área de produção agrícola, montante de terras
na qual MT tem capacidade para atender grande parte desta demanda.
Por Alexandre Franco, Governo do Mato Grosso, 31/05/2006.
http://www.secom.mt.gov.br/conteudo.php?sid=13&cid=24832&parent=0