Média de índios assassinados dobra no governo do presidente Lula
2006-06-01
A média anual de índios assassinados no Brasil dobrou no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comparação aos oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, de acordo com um relatório sobre violência contra os povos indígenas elaborado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Conforme informações que constam do documento, divulgado hoje na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Brasília, 165 índios foram assassinados no Brasil durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. A média anual ficou em 20,6 casos de assassinatos.
No três primeiros anos do governo Lula, 122 índios foram assassinados, o que aponta uma média anual de 40,6 mortes.
Para o vice-presidente do Cimi, Saulo Feitosa, o aumento no número de casos de assassinatos está relacionado a uma "diminuição" nas demarcações de terras indígenas.
"Quanto menos se demarca terras, mais casos de violência são registrados. Quando o Lula assumiu seu governo, ele reduziu o ritmo das demarcações. No governo passado vinha acontecendo uma média de 14 demarcações por ano. Este governo reduziu para seis por ano, em média".
No relatório, o Cimi aponta que "parece haver uma relação estreita entre as ocorrências de assassinato e as áreas de maior conflito de terra, como são os casos guarani-caiuá, em Mato Grosso do Sul, guajajaras, no Maranhão, macuxi e uapixana, em Roraima, e maxacali, em Minas Gerais".
Entre as causas dos homicídios estão "perseguições de lideranças, conflitos externos por causa de terras, discussões e brigas, envolvendo ou não bebidas alcoólicas".
Funai
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Pereira Gomes, contestou os números do Cimi. "Em termos gerais, o número [de homicídios] tem diminuído, ao contrário do que eles [Cimi] vêm dizendo. Não houve nenhum aumento. Há uma má-fé em caracterizar essas mortes como conflitos de terra. Todo conflito interno eles estão dizendo que é provocado por terra, o que não é verdade”. (Jornal Pequeno, 31/5)