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2006-05-31
A Venezuela, onde a gasolina em dólares custa menos do que a água, exibirá aos parceiros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) os programas sociais que financia com a receita do petróleo, mas não poderá esconder deles os congestionamentos monstruosos e o consumismo.

Um gigantesco cartaz, de pelo menos 30 metros, recobre um edifício na zona comercial de Chuao, em Caracas, com as palavras "Agora o petróleo é dos venezuelanos", com uma foto do presidente Hugo Chávez abraçando uma criança.

Esse é um dos numerosos cartazes que adornam edifícios estatais, enormes murais que darão as boas-vindas aos ministros da Opep que realizarão uma reunião extraordinária hoje na capital venezuelana. Eles podem ser vistos pelos condutores nas principais vias da capital que se convertem em um verdadeiro estacionamento durante várias horas do dia devido aos congestionamentos constantes. Em parte, isso se explica pela gasolina subsidiada: encher um tanque de gasolina de mais de 70 litros custa cerca de US$ 2,50, mas essa mesma quantidade de água potável engarrafada custa US$ 6,5.

Segundo um recente estudo do instituto nacional de transporte terrestre, ao menos 1 milhão de veículos recorrem e congestionam as ruas da capital diariamente. "Essa cidade é um caos, eu vivo nos arredores da cidade e todos os dias sofro um congestionamento de entre duas e três horas na volta para casa. São cerca de 6 horas perdidas todos os dias", disse a dentista Morela Pérez, que enchia o tanque se seu veículo em um posto de serviço. "Mas não troco meu carro. O transporte público é deficiente no lugar onde moro, é um pesadelo igual ou pior andar nele", lamenta Pérez, que costuma encher o tanque de sua caminhonete com menos de US$ 2.

O litro de gasolina, pesadamente subsidiado pelo Estado, custa US$ 0,03 a econômica e US$ 0,04 a premium. O uso dos veículos particulares também é estimulado pelas falhas de um transporte público que não cobre todas as zonas da cidade e seus arredores e por um serviço de táxi pouco confiável e caro, apesar do baixo preço do combustível.

O governo de Rafael Caldera (1994-1999) foi o último que aumentou o preço da gasolina, embora logo Chávez tenha instaurado a venda exclusiva de gasolina sem chumbo, que tem um preço moderadamente superior à gasolina com teor de chumbo. "A razão fundamental para não se aumentar o preço da gasolina é política, o subsídio será mantido", explicou o sociólogo e professor universitário César Hernández.
Gazeta Mercantil/AFP, 31/05/2006

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