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abelhas
2006-05-30
Se fossem funcionários de uma multinacional, eles gerariam anualmente cerca de US$ 60 bilhões. É mais do que faturam, isoladamente, montadoras como a Fiat e a BMW, a fabricante de jatos Boeing e a gigante de alimentos Nestlé. Esse time, que labuta mais de 12 horas por dia e nunca tira férias, seria o sonho de todo patrão não fosse um detalhe: é formado por insetos. Segundo o entomólogo americano John Losey, da Universidade de Cornell, somente as abelhas dão anualmente aos EUA uma economia de US$ 3,1 bilhões – é essa a quantia que seria gasta com trabalhadores, se fossem eles, e não as abelhas, que fizessem a polinização de flores para a produção de frutas. Outro bom exemplo: os besouros deixam o pasto mais digerível para o gado e transformam estrume em fertilizante. É um trabalho que gera US$ 4,8 bilhões. Somem-se abelhas e besouros e têm-se US$ 7,9 bilhões.

Não é por acaso que muitas empresas fizeram desses operários da natureza sua principal fonte de riqueza. A indústria têxtil tratou de cuidar para que seus bichos-da-seda fiquem sempre nutridos para a fabricação do tecido que está entre os mais caros do mercado. O setor de tintas também se vale de funcionários invertebrados na produção de corantes – o Dactylopius coccus, do México. E de um centro de pesquisa europeu vem outra novidade. Acaba de ser lançado o Insbot, um robô que altera o comportamento dos insetos. “Com ele, pragas estarão sob controle e a produção de algumas espécies poderá ser ampliada”, diz Jean-Louis Deneubourg, um dos coordenadores do projeto.

Existem as chamadas pragas urbanas que precisam ser controladas porque dão mais prejuízo, sobretudo à saúde do homem, do que lucro. Nos EUA, onde gafanhotos se reproduzem mais rapidamente durante o inverno, ninhos artificiais são construídos para atraí-los e impedir que se alojem em semáforos e transformadores de energia – mas eles não são mortos. “Exterminá-los sem critérios acentua ainda mais o desequilíbrio ecológico, e isso também acaba lesando a natureza”, diz o entomólogo Anthony Érico Guimarães, da Fundação Oswaldo Cruz. É melhor pensar duas vezes antes de dar chineladas em qualquer inseto.
(Por Luciana Sgarbi, IstoÉ, 31/05/06)
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