Uma ampla aliança de instituições brasileiras, incluindo o Governo Federal, empresas e organizações não-governamentais está retomando a campanha para consolidar o Atlântico Sul como uma zona livre da caça à baleia, com a promoção do projeto do Santuário de Baleias do Atlântico Sul.
A decisão de seguir promovendo o Santuário no âmbito da Comissão Internacional da Baleia, apesar da oposição ferrenha dos países baleeiros, foi anunciada ontem (29/5) pelo Vice-Comissário do Brasil na CIB, José Truda Palazzo Jr., na sede da reunião do seu Comitê Científico, em St. Kitts & Nevis. O país caribenho, que como várias outras nações insulares apóia a volta da matança de baleias em troca de auxílio financeiro do Japão, sediará também a Plenária Anual da CIB entre 16 e 20 de junho próximo, quando a proposta brasileira será rediscutida. A Argentina e a África do Sul, além de vários outros países pró-conservação como a Austrália e a Nova Zelândia, co-patrocinam a proposta.
O Ministério de Relações Exteriores, o Centro de Conservação de Mamíferos Aquáticos do IBAMA, e a Coalizão Internacional da Vida Silvestre - IWC/BRASIL estão unindo recursos e pessoal para promover o Santuário como ferramenta política para evitar a volta da caça à baleia na região e promover o uso não-letal dos cetáceos, como o ecoturismo. A campanha internacional é patrocinada pela empresa de navegação Norsul, e os estudos de longo prazo que deram sustentação à proposta são apoiados há vários anos pela PETROBRAS através dos Projetos Baleia Franca e Baleia Jubarte.
Biopirataria
Segundo ressalta Truda Palazzo em um comunicado emitido ontem (29/5) em Frigate Bay, St. Kitts, "É fantástico ver como pessoas e instituições de diferentes setores da sociedade brasileira estão se unindo para reforçar a política brasileira contra a caça à baleia e a favor do santuário, deixando claro para a comunidade internacional que estamos solidamente a favor da proteção e uso não-letal desses animais ameaçados".
A CIB começa seus trabalhos este ano à sombra da denúncia, feita por entidades ambientalistas internacionais, de que o Japão está prestes a ganhar a maioria de votos na Comissão através do esquema de compra de apoio em troca de "cooperação financeira". Segundo o Vice-comissário brasileiro, "Os recentes esforços de consolidação de votos envidados pelos baleeiros não nos intimidam. A continuação da matança indiscriminada de baleias no Hemisfério Sul por nações hiperdesenvolvidas do Hemisfério Norte é um abuso comparável à biopirataria, um seqüestro da biodiversidade marinha que é usada de forma sustentável e não-letal por outros países e povos. Isso é um assunto muito grave que extrapola o âmbito da CIB, e pretendemos usar o conceito do Santuário para discuti-lo em outros foros internacionais mais modernos que a velha e ultrapassada Convenção Baleeira de 1946".
O Brasil liderou recentemente uma “démarche” diplomática contra a continuidade da caça de centenas de baleias pelo Japão nas águas antárticas, que os japoneses justificam como "captura científica", mas que os países pró-conservação consideram uma captura abusiva sem qualquer justificativa.
Leia o texto completo da proposta brasileira do santuário de Baleias do Atlântico Sul
Informações da PalavraCom / IWC Brasil, 29/5.