As siderúrgicas do Maranhão e do Pará, que compreendem o corredor Carajás de
produção de ferro gusa, propõem produzir 80% do carvão vegetal que consomem até
o ano de 2015, como parte do Plano de Suprimento para atender a demanda do
setor até tornarem-se auto-suficientes. As empresas têm que produzir a sua
própria matéria-prima, mas até o momento, produzem apenas 9% do que consomem.
O Ibama tem colocado mais rigor na fiscalização quanto à procedência da madeira
utilizada para a produção de carvão, o insumo que abastece os auto-fornos das
guseiras. Para as indústrias alcançarem esta meta, a Associação das Siderúrgicas
de Carajás (Asica), calcula que será necessário um investimento da ordem de R$
100 milhões por ano.
A proposta, apresentada pelas siderúrgicas para um Termo de Ajuste e Conduta
(TAC) ao Ministério do Meio Ambiente e Instituto Brasileiro dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), já foi discutida em quatro reuniões, em Brasília,
Belém e Marabá, no Pará. A última reunião, em 19 de abril, foi realizada em
Imperatriz, no Maranhão.
A gerente do Ibama no Maranhão, Marluce Pastor Santos, informa que a proposta
das siderúrgicas ainda está sendo analisada. Segundo Marluce, há necessidade de
resolver a questão do suprimento de carvão vegetal para o setor guseiro de
forma a evitar os desmatamentos que ocorrem no estado. "É preciso que haja um
pacto de legalidade", adverte. O plano de suprimento das guseiras baseia-se nas
seguintes fontes: briquetes de finos de carvão e minério (produzido pela CVRD),
coque, resíduos de serraria, resíduo provenientes de projetos de uso
alternativo do solo (devidamente autorizados pelos órgãos ambientais), resíduo
de manejo florestal, injeção de finos de carvão e reflorestamentos já
implantados pelo setor. Até o momento existem 110 mil hectares plantados de
florestas destinadas à produção de carvão vegetal.
Estratégia
"Estaamos garantindo o suprimento até 2014. Considerando que as florestas de
eucalipto levam sete anos para atingir a idade de corte, entendemos que este
prazo é necessário para viabilizar o processo. Isso dá tempo para que as
empresas adquiram as terras, documentem a compra e legalizem junto aos órgãos
ambientais e fundiários para possibilitar o plantio e depois colheita", defende
o secretário da Asica, Luiz Correia.
De acordo com a proposta dos guseiras, cada empresa assume o compromisso de
plantar neste período a quantidade de florestas necessárias para atingir 80% de
suas necessidades. Quanto aos recursos, cabe a cada empresa procurar as fontes
de financiamentos para viabilizar o projeto. Com 17 siderúrgicas, o pólo de
Carajás consome por ano sete metros cúbicos de carvão vegetal. Em 2006 o pólo
produziu três milhões de toneladas de ferro gusa. A previsão para 2006 é igualar
à produção de 2005.
Por Franci Monteles,
Gazeta Mercantil , 30/05/06