Para ambientalista, China prova que modelo econômico baseado no combustível está errado
2006-05-30
Os alarmantes efeitos do crescimento econômico chinês sobre a Natureza "convencerão mais pessoas" da necessidade urgente de reestruturar o modelo econômico atual, baseado no combustível, disse na segunda-feira (29/05) em Pequim o veterano ecologista americano Lester Brown. Ele sugeriu ao Governo chinês que dê atenção à nova economia de outros países em desenvolvimento. E citou o caso do Brasil, líder no uso do etanol, e da Índia, que vem apostando na energia eólica.
"A China tem demonstrado ao mundo que o sistema econômico ocidental, baseado no automóvel e na cultura de usar
e tirar, não serve ao mundo em desenvolvimento, que vive sonhando o sonho americano, nem aos países
industrializados", explicou o fundador e presidente do Instituto de Políticas para a Terra. Brown, de 72 anos, é uma das
vozes mais reconhecidas no ambientalismo mundial. Ele apresentou a versão em mandarim de seu último trabalho
"Plano B 2.0", no qual desenha as linhas do que deve ser uma economia sustentável.
A China, observou Brown, ultrapassou os Estados Unidos como principal consumidor combinado de grãos, carne,
petróleo e aço. Se mantiver a sua tendência atual de crescimento, no ano de 2031 não haverá recursos na terra que
satisfaçam a sua demanda. A subida dos preços do petróleo, na sua opinião, teve um lado positivo: tornar "rentável" o
investimento em energias alternativas.
"O desafio é calcular o custo indireto do que consumimos e incorporá-lo ao preço do produto. É necessário reestruturar
todo o sistema de taxas", afirmou. Brown questionou a aposta de Pequim na energia hidroelétrica, com projetos
descomunais como as Três Gargantas, e a nuclear. "Não há uma só usina nuclear no mundo que seja competitiva no
mercado elétrico. É preciso levar em conta os custos embutidos, como a gestão dos resíduos e o risco de acidentes",
disse.
(EFE, 29/05/06)
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