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2006-05-29
Para cada ano de vida, uma árvore plantada. É assim que o agricultor aposentado Eurides Silveira, 77 anos, de Jaraguá do Sul, deixa a sua contribuição para o futuro do planeta. Há dez anos, num bosque de 300 metros quadrados, no jardim de casa, ele cultiva 77 diferentes espécies nativas da mata atlântica. As sementes foram conseguidas graças ao empenho do agricultor, que desbravou matas em busca de espécies raras e em extinção. É o caso da canela-preta, uma das preferidas do aposentado. "Essa espécie demora 100 anos para chegar à fase adulta. Faltam apenas 90 anos para ver a árvore grande, né, pai?", brinca um dos quatro filhos de seu Eurides, Volnei Rogério Silveira, 41 anos, admirador e provável continuador do projeto do pai.

As árvores plantadas hoje demoram no mínimo uma geração para chegar à fase adulta, mas isso não desestimula seu Eurides. "Cultivo essas árvores para que as próximas gerações possam conhecer espécies que, provavelmente, não existirão daqui a alguns anos. Quero que as crianças venham até o meu bosque e toquem nas mudas que saíram do meio da mata atlântica e que hoje não podem mais ser encontradas lá", revela.

O sonho está prestes a se realizar. Um amigo da família gostou tanto do projeto que catalogou todas as espécies e mandou gravar as informações em placas de madeira para fixar junto às árvores. Uma trilha será aberta no meio da vegetação para facilitar o acesso das pessoas, e daqui a alguns meses, visitas poderão ser organizadas no jardim do agricultor. Apaixonado pelas árvores desde que nasceu, ele deixa escapar lágrimas ao falar do amor que tem por cada uma das plantas cultivadas no jardim.

Durante muitos anos, ele e seus pais moraram em uma chácara cercada de árvores. Hoje, de certa forma, ele se sente mais perto do ambiente da infância, e faz questão de passear no meio do bosque para respirar o ar puro.

Uma das primeiras mudas cultivadas foi o cedro, quase extinta na região. Mesmo já tendo atingido um grande porte, a espécie precisa de mais 50 anos para se reproduzir. E para não deixar de ter no jardim a árvore que deu nome ao País, seu Eurides mandou buscar em São Paulo uma muda de pau-brasil, que não é encontrada na região, e não se cansa de admirar a natureza que ele mesmo fez brotar atrás de casa.

Mais um respiro à araucária
Fraiburgo - Ameaçados de extinção, os pinheiros estão ganhando fôlego graças ao agricultor Otílio Dalanhol, 78 anos, um entusiasta da araucária. Sozinho, ele já plantou mais de três mil pinheiros durante a vida e, ano após ano, separa pinhões que vão originar novas árvores. A intenção é incentivar as gerações futuras a preservarem a espécie. Na propriedade de seis alqueires, Dalanhol carrega no bolso os pinhões brotados, que são plantados em áreas sem utilidade.

O agricultor tem práticas próprias de plantio e escolhe minuciosamente as sementes que vai cravar na terra. Separa somente as fêmeas, que décadas depois darão seus frutos. "Não escolho lugar. Quando vejo um espaço sobrando, que não vai atrapalhar outras culturas, planto araucária, que além de tudo é uma árvore muito bonita", justifica.

Todos os pinheiros da propriedade são fruto de uma araucária maior, que ainda permanece no local. Com idade estimada em 90 anos, a árvore é imponente e serve de estímulo para a iniciativa de Dalanhol.
Por Clarissa Borba, A Notícia, 29/05/06.
http://portal.an.uol.com.br/2006/mai/29/0ger.jsp

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