Um ato simbolizando a Amazônia sendo incendiada foi promovido por ativistas do Greenpeace no Parque da Redenção ontem. A queima, produzida por meio da aplicação de pôsteres de papelão reciclado com imagem de fogo no tronco das árvores, também ocorreu em parques e ruas de países como Austrália, Papua Nova Guiné, Hungria, República Tcheca, Espanha, Holanda, Alemanha, Argentina, Estados Unidos e Canadá. Dessa forma, o Greenpeace alertou sobre a destruição da Amazônia. No Brasil, o protesto foi realizado, simultaneamente, às 11h, também em São Paulo e Salvador, pois, assim como Porto Alegre, essas cidades têm o título de Cidade Amiga da Amazônia.
A mobilização envolveu ativistas de todo o mundo e teve por objetivo chamar a atenção para o desmatamento da floresta, a expansão da fronteira agropecuária e o comércio da madeira extraída de forma ilegal.
Os participantes mostraram pôsteres de papelão reciclado com imagem de fogo nos troncos de algumas árvores do parque, simbolizando uma floresta em chamas. Entre as árvores, uma faixa dizia "A Amazônia tem pressa". Os integrantes também colheram assinaturas para um abaixo-assinado que será encaminhado ao governo federal, pedindo a moratória do plantio de soja na região amazônica. "A medida é necessária até que um plano abrangente de áreas protegidas e uso sustentável seja efetivamente implantado", disse a responsável pela atividade, Tânia Pires.
Conforme o Greenpeace, estima-se que mais de 1,2 milhão de hectares de floresta amazônica já tenha sido substituído por latifúndios de soja. "Esse processo está mais rápido do que a discussão no Congresso Nacional", frisou Tânia, que também é responsável pelo Programa Cidade Amiga da Amazônia no RS.
Quem compra madeira nobre resultante das derrubadas, afirmou Tânia, contribui para a queimada da Amazônia. "Essa madeira é usada na construção de obras públicas, por isso é tão importante que as cidades se integrem ao programa", completou. O Cidade Amiga da Amazônia prevê a adoção de leis para evitar o consumo de madeira nativa de origem criminosa nas compras e licitações públicas. Além da Capital, São Leopoldo, Santa Maria e Rio Grande estão no programa.
Correio do Povo, 29/05/06.