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2006-05-29
Menos de 5% das florestas tropicais do planeta analisados em um informe da Organização Internacional de Madeira Tropical (ITTO) são administrados de forma sustentável, embora isto represente um grande avanço em relação a uma década atrás. Em outras palavras, uma área de florestas tropicais equivalentes ao tamanho do território da Alemanha está em boas mãos, explicou o diretor-executivo da ITTO, Manoel Sobral Filho. Os 59 países-membros da organização representam 80% das florestas tropicais do mundo e mais de 90% do mercado de madeira tropical. O relatório será divulgado na quadragésima sessão do Conselho Internacional da Madeira Tropical, que acontecerá de 29 de maio a 2 de junho em Mérida, Yucatán, no México.

O informe Estado da Administração das Florestas Tropicais 2005 consumiu quatro anos e inclui 814 milhões de hectares de florestas tropicais em 33 países da Ásia, do Pacífico, Caribe, América Latina e África. A boa notícia é que, entre 1988 e 2005, a área total sob manejo sustentável, isto é, sem degradar seu valor ao mesmo tempo em que permite à sociedade se beneficiar de seus recursos cresceu de menos de um milhão de hectares para, pelo menos, 36 milhões de hectares. A cada ano, cerca de 12 milhões de hectares de florestas tropicais são adaptadas ao uso agrícola, pastoreio e outras formas de exploração não-florestal, e muitos mais sofrem degradação pelo corte insustentável ou ilegal e por outras práticas pobres de uso da terra.

“O aproveitamento agrícola é a principal razão pela qual as florestas são destruídas”, disse à IPS Alistair Sarre, um dos editores do informe, que respondeu às perguntas desde Sidnei, na Austrália. “Com o corte, mesmo quando não é controlado, a floresta acaba voltando a crescer”, disse. O documento revela que os membros da ITTO desenvolveram planos para administrar 27% dos 353 milhões de hectares projetados como florestas para a produção, com o que se comprometeram por escrito. Na realidade, entretanto, somente cerca de 25 milhões de hectares, ou 7% dessas florestas são manejadas de maneira sustentável.

Esta brecha ficou evidente em todas as regiões, diz o relatório. Na área Ásia-Pacífico, segundo estima a ITTO, somente 14,3 milhões de hectares de florestas para a produção são administradas de maneira sustentável, embora aproximadamente 55 milhões de hectares estejam contemplados nos planos de administração. Na África, 10 milhões de hectares estão sob planos de manejo, mas apenas 4,3 milhões são realmente administrados de modo sustentável, enquanto na América Latina e no Caribe existe um abismo que vai de 31 milhões a 6,5 milhões de hectares.

Inclusive nas florestas consideradas oficialmente protegidas, totalizando 461 milhões de hectares, planos efetivos de administração existem apenas para cerca de 3,9%. E tais planos, na realidade, foram implementados em apenas 2,4% das florestas. As conseqüências da destruição de florestas variam de um perigo cada vez maior de deslizamento de terras à extinção de espécies e perda de meios de vida para os habitantes da região.

“Há todo um espectro de efeitos, desde o local até o global”, disse Sarre. “À medida em que se perde florestas, inevitavelmente se perde biodiversidade. Muitos dos medicamentos mais importantes do mundo derivam de produtos naturais, e provavelmente haja muitos mais produtos potenciais sobre os quais não temos conhecimento, e dos quais nunca saberemos se estas espécies se perderem”, acrescentou. “Além disso, as florestas armazenam uma grande quantidade de carbono e, com sua destruição, perdem seu poder de isolamento, por isso o carbono já armazenado ali é liberado na atmosfera e contribui para o aquecimento do planeta”, disse o especialista. “Mas, localmente, pode ter um impacto enorme sobre as comunidades dependentes da floresta, que satisfazem suas necessidades de subsistência a partir dela própria”, segundo Sarre.

O informe estabelece que a maioria das florestas tropicais submetidas à proteção ativa fica nas regiões Ásia-Pacífico (5,1 milhões de hectares) e na América Latina e Caribe (4,3 milhões de hectares). Na África, representam 1,7 milhões de hectares. Entre os países com os maiores avanços em matéria de manejo sustentável de florestas tropicais figuram Malásia, com pelo menos 4,8 milhões de hectares; Bolívia (2,2 milhões), Brasil (1,4 milhão), República do Congo (1,3 milhões), Gabão (1,5 milhões), Peru (560.000) y Ghana (270.000 hectares). Aqueles com um panorama de desmatamento mais grave são, entre outros, Costa do Marfim, Filipinas e Nigéria, enquanto que conflitos armados também são um obstáculo aos avanços na Libéria, no Camboja e na República Democrática do Congo.

O informe exorta no sentido de ser adotado um enfoque global para financiar os custos do manejo sustentável de florestas tropicais e para que os governos estabeleçam categorias de territórios, sejam públicos ou privados, para mantê-los sob cobertura florestal permanente. “A vontade política definitivamente está faltando em alguns lugares”, disse Sarre, para que, entretanto, a tarefa seria facilitada se os governos fossem convencidos das vantagens econômicas do manejo sustentável das florestas tropicais.

“É muito difícil para um governo rejeitar um empresário que vai pagar altos impostos e empregar grande número de pessoas estabelecendo um projeto industrial em um país pobre, ou em qualquer país, com esse fim”, explicou Sarre. “O que necessitamos é de bons preços para a madeira e mais pagamentos pelos outros serviços proporcionados pelas florestas, como o carbono, a biodiversidade e a água. Em uma situação ideal, em nosso mundo economicamente racional, o usuário paga, mas quem é o usuário final da biodiversidade”. Na verdade, a comunidade global. Mas desenvolver um mecanismo é problemático, acrescentou o especialista. “Fala-se muito disto e se trabalha sobre esta questão, porém não surge nada viável”, ressaltou.

Sarre afirmou que vários enfoques diferentes demonstraram ser efetivo, inclusive usar a assistência estrangeira para o desenvolvimento e a experiência de organizações não-governamentais internacionais para melhorar a capacidade de implementação das leis existentes e o treinamento da população das zonas em questão em matéria de manejo florestal sustentável. “Mas a economia do manejo florestal sustentável necessita mudar fundamentalmente. Por exemplo, o país deve captar uma maior parte do valor da madeira que extrai de seu território”, afirmou.

“Boa parte da madeira não processada é embarcada para o exterior, inclusive os troncos, e muito pouco de seu valor fica o país e, portanto, pouco contribui com o desenvolvimento”, disse Sarre. “A Malásia, talvez seja o país mais avançado em termos de manejo sustentável de florestas, com um processamento muito bom. A longo prazo, à medida em que os países se desenvolvam economicamente, podem destinar mais recursos ao manejo florestal sustentável. Uma das tarefas da comunidade internacional é ajudá-los enquanto fazem crescer suas economias, para torná-las tão sustentáveis quanto possível”, afirmou Sarre.
(Por Katherine Stapp, Envolverde, 26/05/06).
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=17799&edt=34

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