A seca que persiste na região do Alto Uruguai a 26 dias do início do inverno não constitui surpresa para o responsável pela Estação Agrometeorológica da Fepagro/Norte. O professor Artêmio Calgarotto, que há mais de 25 anos confere diariamente as condições do tempo, tem números para comprovar sua certeza. Segundo ele, a média histórica da ocorrência de chuvas em Erechim caiu de 2.200 milímetros/ano para 1.700 milímetros/ano. Essa queda ocorreu entre 2000 e 2005.
Sem se aprofundar nas causas da diminuição das chuvas, o professor Artêmio Calgarotto mostra outros números da realidade de Erechim. Em agosto e setembro de 2003, meses de chuvas boas, as precipitações foram de 53 e 32 milímetros, respectivamente. Em dezembro de 2004 choveu apenas 23 milímetros, enquanto que em novembro e dezembro de 2005 as chuvas foram de 70 e 99 milímetros contra uma média normal de 170 milímetros em cada mês. Enquanto que em abril de 2005 as chuvas foram de 193 milímetros, em abril de 2006 choveu apenas 41 milímetros.
O professor alerta que as chuvas têm sido abaixo da média histórica, não só no verão, mas também no outono e no inverno. "Estamos passando por mudanças climáticas e isto vai se intensificar cada vez mais", observa Artêmio Calgarotto, que também é pós-graduado em meio ambiente. Ele arremata com um índice ainda mais preocupante: "em fevereiro de 2005 choveu 12 milímetros em Erechim. Quase um clima de deserto", comenta.
No Alto Uruguai permanecem em situação de emergência devido à seca os municípios de Áurea, Centenário, Carlos Gomes, Viadutos, Marcelino Ramos, Aratiba, Severiano de Almeida, Mariano Moro, Três Arroios e Barra do Rio Azul.
Correio do Povo, 26/05/06.