BELA BURGUESIA - ASSIM OS MARXISTAS VEÊM OS VERDES NA ALEMANHA
2001-10-03
No último sábado, dia 29, nem a chuva fina, nem o vento atrapalharam o trio de rockeiros leninistas que entoava canções sobre politik perto da igreja Kaiser Wilhelm, na rua Kurfurstendamm em Berlin. Em meio ao grupo, ora distribuindo panfletos e ora discursando, estava o candidato majoritário, Andrew Schluter, um operário da indústria de plásticos. Aos 33 anos, Schluter concorre às eleições pelo MLPD, uma sigla que, na Alemanha, corresponde ao PCB no Brasil. Além dele, há outros 11 candidatos do MLPD, entre os quais muitas mulheres. A principal bandeira é o fim do capitalismo. Os marxistas-leninistas acham que as questões ecológicas só podem ser resolvidas com a implantação do verdadeiro socialismo, como eles pregam. Christian Kahle, um dos militantes, prefere não falar sobre a posição não muito privilegiada do MLPD na política berlinense. Em toda a Alemanha, o partido tem apenas dois representantes: um em Gelsenkirchen, ao Norte do país, perto da cidade de Colônia, e outro em Bahlingen, ao Sul. - Os verdes falharam no Parlamento porque eles não preveêm as catástrofes, eles agem depois delas. O oposto do que eles pregavam está acontecendo, assinala Schluter. Para ele, - é uma ilusão conciliar ecologia com capitalismo e os verdes que aí estão são uma bela burguesia. Com relação à recente aprovação (no último dia 24) de uma moção permitindo a continuidade de experimentos com organismos geneticamente modificados (OGM) pelo parlamento alemão, o candidato do MLPD acredita que é dificil adotar uma posição unívoca a respeito do assunto. - Pensamos que muitas boas coisas se pode fazer com os organismos geneticamente modificados, pode-se mitigar a fome e melhorar as condições de saúde de pessoas que vivem na pobreza, mas sabemos que essa tecnologia só visa ao lucro, não, de fato, à melhoria da saúde das pessoas, observa, referindo-se à relação oposta entre a indústria dos transgênicos e a agricultura orgânica dos pequenos produtores. Os marxistas-leninistas também não acreditam que o governo alemão dará fim ao uso da energia nuclear dentro de aproximadamente duas décadas, como foi acordado na metade do ano passado. - Nós não acreditamos nisso porque o governo estabelece políticas e depois muda as suas ações, volta atrás, conclui Schluter.